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I Mostra Brasileira de Literacia em Saúde é um sucesso e reforça a importância do tema


17/10/2022

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Realizada nos dias 13 e 14 de outubro, em formato totalmente on-line, a I Mostra Brasileira de Literacia em Saúde reuniu mais de 100 participantes registrados e alcançou mais de 580 visualizações por dia na transmissão pelo canal da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz.

Organizada em cinco eixos, a I Mostra contou com a apresentação de 25 experiências e pesquisas do campo da health literacy de todas as regiões do país, revelando a preocupação e o investimento em melhorar as estratégias de educação e comunicação em saúde para a produção efetiva de transformação dos determinantes sociais da saúde e redução das iniquidades.

Os trabalhos apresentados demonstraram a importância da busca de linguagens acessíveis aos diversos grupos socioculturais, da aprendizagem dialógica e significativa, da construção compartilhada de estratégias e conhecimentos e da elaboração de conteúdos multiplataformas, que inclua a oralidade e ludicidade como forma de democratização da informação.

Na primeira conferência, Frederico Peres (ENSP/Fiocruz) percorreu a trajetória de elaboração do conceito de health literacy, sublinhando as múltiplas traduções do termo para o português e a necessidade de pensarmos num modo à brasileira de desenvolvimento do campo em articulação com nossa diversidade cultural e a tradição freiriana. Considerando as reflexões de Don Nutbeam (Universidade de Sydney), sublinhou que o compromisso da saúde pública e da saúde coletiva com a qualidade de vida e o bem viver implica trabalharmos a literacia em saúde não somente numa perspectiva funcional, mas também interativa e, especialmente, crítica.

Nicole Leão (Canal Saúde/Fiocruz) ratificou, em sua conferência sobre “Literacia Digital em Saúde”, o foco em estratégias que ampliem na sociedade a capacidade de reflexão, promovendo mudanças democráticas e emancipatórias. Trazendo as contribuições dos pesquisadores da Universidade de Toronto para pensar literacia em saúde no processo de revolução digital, em que todos se tornam produtores de informação – “prosumidores”, apresenta a relevância de buscarmos ferramentas que enfrentem a desinformação e permitam aos sujeitos lidar com a infodemia, ampliando sua capacidade de compreensão, avaliação e aplicação dos conteúdos.

Como trabalharemos a literacia em saúde na perspectiva de transformar indivíduos dóceis e submissos em sujeitos capazes de decidir e direcionar suas vidas? Foi a partir dessa inquietação que José Ivo Pedrosa (UFPI) construiu sua conferência sobre “Literacia em Saúde e políticas públicas”, afirmando a indissociabilidade entre autonomia e emancipação para a construção e reconhecimento de modos de viver singulares, criativos e cheios de sentido, potentes em transformar direitos em ações cotidianas na vida dos cidadãos. Nessa direção, é fundamental expandir a compreensão dos processos de subjetivação, entendendo que eles acontecem em todos e nos mais variados cenários da vida e não se restringem aos ambientes institucionalizados. Bem como é urgente reconhecer que há muito que se conquistar e transformar na saúde pública para que ela possa ser espaço e agente de subjetivações emancipatórias, na medida em que o que se experimenta são condições mínimas e precarização dos vínculos de trabalho, hierarquização das relações e saberes, automatização de rotinas e procedimentos por falta de vocação e/ou perda de tesão dos trabalhadores.

A riqueza das conferências, das experiências apresentadas e dos debates foi a marca dos comentários recebidos pela Comissão Organizadora durante a I Mostra Brasileira, como falou Adriana Castro (VPAAPS/Fiocruz) na sessão de encerramento do evento, lembrando que a literacia em saúde é um campo do conhecimento muito importante para pensarmos na formulação de estratégias articuladoras de educação, comunicação e promoção da saúde capazes de mobilizar atitudes de sujeitos e coletivos em defesa da vida, da transformação social centrada na equidade e do bem viver. Em sua fala, salientou, ainda, o compromisso da Fiocruz com o enfrentamento da desinformação por meio do investimento em construção compartilhada do conhecimento nos territórios em a vida acontece e de que o mesmo seja um bem público. Por fim, apontou a perspectiva de que a I Mostra seja um primeiro passo para a consolidação de redes colaborativas de literacia em saúde no Brasil e América Latina.
 
Acesse todo conteúdo da I Mostra Brasileira de Literacia em Saúde:

Dia 13/10/22 - https://www.youtube.com/watch?v=uvPM8usUcQw&t=24969s
Dia 14/10/22 - https://www.youtube.com/watch?v=9YiPkHPcKQA&t=12316s 
 

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