27/03/2020
A Fiocruz coordenará, no Brasil, o ensaio clínico Solidariedade (Solidarity), da Organização Mundial da Saúde (OMS). Lançada pela OMS na última sexta-feira (20/3), a iniciativa tem como objetivo investigar a eficácia de quatro tratamentos para a Covid-19 e será implementada em 18 hospitais de 12 estados, com o apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde.
O estudo Solidarity é uma conjugação de esforços em todo o mundo, para dar uma resposta rápida sobre que medicamentos são eficazes no tratamento da Covid-19 e quais são ineficazes e não devem ser utilizados. A resposta a essas perguntas exige que milhares de pacientes participem dos testes das drogas. Para alcançar o número necessário mais rapidamente, a OMS está conjugando o esforço global de muitos países.
“Sem dúvida, esse é um ponto muito sensível em que acredito que poderemos dar uma contribuição muito importante”, afirma a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. “Nós estamos atuando, junto ao Ministério da Saúde e OMS, para fazer parte dessa pesquisa multicêntrica de estudos clínicos voltados para definição das melhores terapêuticas”. O projeto tem a coordenação do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e o apoio da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz). O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) fornecerá parte dos medicamentos utilizados.
“Estudos com número limitado de pacientes, e sem o adequado controle, como são a maior parte dos estudos registrados até o momento, podem demorar a conseguir uma resposta, ou nem mesmo chegar nela”, explica Valdiléa Veloso, diretora INI/Fiocruz. “O Ministério da Saúde nos orientou a incluir na pesquisa centros de pesquisa em todas as regiões do país e a contribuir com o maior número possível de pacientes. Colabora-se assim com o esforço global de ter uma resposta rápida e aplicável a população brasileira”. Segundo a pesquisadora, em um primeiro momento, serão testados a cloroquina, o Remdesivir, a combinação liponavir e ritonavir, isolado ou combinado ao Interferon Beta 1a.
Simplicidade e flexibilidade
A meta do Solidariedade é alcançar o maior número de pacientes no tempo mais curto possível. Com este objetivo, o estudo foi planejado para poder ser executado em um momento em que todos estão dedicados a cuidar de pacientes graves internados. A pesquisa incluirá somente pacientes hospitalizados, para atender à demanda mais urgente, que é a de oferecer tratamento para pacientes com quadro mais grave.
Apesar de ter quatro linhas de tratamento definidas, uma das premissas do estudo é que ele seja adaptável, ou seja, caso surjam novas evidências as linhas podem ser adequadas, com descontinuação de drogas que se mostrem ineficazes e incorporação de medicamentos que venham a se mostrar promissores. Nesse tipo de estudo, uma comissão central tem acesso a todos os dados e faz análises durante todo o processo, evitando que os pacientes sejam expostos a drogas ineficazes ou com toxicidade elevada.
Solidariedade
O ensaio clínico Solidariedade foi lançado pelo diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Durante seu discurso, Tedros enfatizou a solidariedade como condição chave para enfrentar a pandemia e a importância de concentrar esforços para que o estudo possa gerar evidências robustas e de alta qualidade o mais rápido possível.
Os primeiros quadros respiratórios provocados pelo Covid-19 foram reportados às autoridades internacionais em 31 de dezembro de 2019. A OMS declarou a pandemia em 11 de março e, até o momento (26/3), foram registrados cerca de 413 mil casos e 18 mil mortes em 196 países e territórios.
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