14/05/2018
Valéria Padrão (Fiocruz Brasília)
Uma quebra de paradigma, por permitir ao gestor tomar decisões em cima de critérios claros e objetivos. Assim, Sérgio Rabelo, assessor da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), se referiu ao Sistema de Vulnerabilidade Climática (SisVuClima), apresentado no Seminário de Encerramento do Projeto Indicadores de Vulnerabilidade da População à Mudança do Clima, em Brasília (28/3). O projeto, desenvolvido desde 2014, resulta de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Fiocruz, e foi executado em seis estados brasileiros: Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Paraná e Pernambuco.
O sistema, um dos resultados do projeto, agrega 64 variáveis - desde percentual de cobertura vegetal nativa, passando por suscetibilidade à ocorrência de desastres naturais, índice de doenças associadas ao clima (dengue, malária, leptospirose e outros), percentual de analfabetos, índices de mortalidade até existência de serviços públicos de saúde, educação segurança e defesa civil - que possibilitam análises profundas. A partir de tais análises, pode-se mapear/identificar áreas mais vulneráveis e suas necessidades.
O pesquisador Ulisses Confalonieri, coordenador do projeto na Fiocruz, observou que foram desenvolvidas uma ferramenta interessante e uma metodologia genérica, que pode ser utilizada em todo Brasil e, ao mesmo tempo, agregar dados dos municípios. Exemplificou que os municípios do Amazonas, entre os estados envolvidos no projeto, têm a particularidade da população ribeirinha. Observou que a metodologia agrega parâmetros e variáveis que ajudam a medir a capacidade dos municípios de lidar com as mudanças climáticas.
Confalonieri lembrou que medir vulnerabilidade expõe fraquezas. No entanto, destacou que a exposição destas pode orientar, por exemplo, a estruturação da Defesa Civil em observância às necessidades/peculiaridades de cada município. E mais, orientar a adoção de políticas públicas voltadas para a adaptação da população à mudança do clima. Para José Miguez, coordenador do Departamento de Políticas em Mudança do Clima do MMA, o mapa da vulnerabilidade pode ser utilizado para melhorar os gastos orçamentários e aumentar a resiliência da população diante das mudanças climáticas.
O secretário de Mudança do Clima e Florestas do ministério do Meio Ambiente, Everton Lucero, disse que a metodologia desenvolvida permite uma visão de vulnerabilidade e uma projeção do que é necessário enfrentar. Observou que o resultado apresentado tem o potencial de colocar o Brasil em uma posição de vanguarda, de liderança mundial na construção de modelos de avaliação de vulnerabilidade, tema em estudo em todo o mundo. Destacou a importância de o resultado ser apresentado à comunidade internacional.
Para o secretário, o tema mudança climática deve ser transversal e perpassar todas as políticas públicas – saúde, educação, transporte, gestão hídrica, etc. – de modo a contribuir para o desenvolvimento sustentável.