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Fiocruz Amazônia participa de reunião nacional sobre arboviroses


26/10/2023

Júlio Pedrosa (Fiocruz Amazônia)

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A Fiocruz Amazônia participa até sexta-feira (27/10), em Brasília, da Reunião Nacional de Preparação para o Período de Alta Transmissão de Arboviroses. A finalidade é de apresentar para os representantes das vigilâncias em Saúde e dos programas de controle dos estados e municípios a estratégia de controle vetorial de Aedes aegypti, através das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL), tecnologia de baixo custo, idealizada pelos pesquisadores Sergio Luz, Joaquin Carvajal e Fernando Abad Franch, do Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia/EDTA). A tecnologia utiliza a própria fêmea de Aedes para disseminar larvicida a outros focos de proliferação do mosquito, transmissor da dengue, zika e chikungunha. A estratégia pode reduzir até dez vezes a infestação do mosquito e a incidência da dengue em até 30%.

O objetivo da Reunião é atualizar as vigilâncias de arboviroses das secretarias estaduais e municipais de Saúde, das capitais e municípios, selecionados para revisão dos planos de contingência e troca de experiências sobre organização dos serviços, diagnóstico laboratorial, estratificação de risco intramunicipal e incorporação de novas tecnologias para o controle vetorial. O evento é promovido pelo Departamento de Doenças Transmissíveis (DEDT) e Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde. No total, foram selecionados 27capitais e 15 outros municípios do País para participar do encontro.   

As Estações Disseminadoras utilizam a fêmea do mosquito como aliada dos programas de controle, especialmente em áreas de difícil acesso e com predominância de criadouros crípticos, capaz de controlar a proliferação dos focos do vetor. As estações utilizam basicamente água em um recipiente plástico de dois litros coberto com um tecido sintético impregnado com larvicida (piriproxifeno). As EDLs já foram testadas e aprovadas em 14 cidades brasileiras e em duas cidades da Colômbia (Letícia, na fronteira com o Brasil, e Santa Marta), onde foram instaladas mais de 2.000 estações. 

Pesquisador da Fiocruz Amazônia e coordenador do Núcleo de Patógenos Reservatórios e Vetores na Amazônia (PREV-Amazônia), vinculado ao Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA), Sérgio Luz explica que as estações disseminadoras atraem as fêmeas do Aedes aegypti para que ponham ovos. “Quando pousam nas armadilhas, partículas do larvicida se impregnam no corpo e nas pernas do mosquito. Com as pernas impregnadas com o larvicida, ao visitarem outros criadouros, as fêmeas terminam contaminado outros recipientes, e consequentemente impedindo o desenvolvimento das larvas e pupas”, explica. 

Joaquin Carvajal, que participa da reunião em Brasília, ressalta que a transferência tecnológica ao MS para o controle do Aedes com as EDLs vem sendo implementado desde 2022 e visa exatamente ajudar os programas de controle de vetores oferecendo novas alternativas complementares às atividades de controle rotineiras. Joaquin apresentou a estratégia das EDLs, salientando a importância da inclusão das novas alternativas de controle para o país, especialmente em um momento com um cenário provável de aumento de casos de arboviroses pelo fenómeno do Niño e a circulação do sorotipo DENV-3 na região das Américas.

A reunião organizada pelo Ministério da Saúde ressalta que “a finalidade é se preparar para o período de Alta Transmissão de Arboviroses, além de conhecer a operacionalização prevista da aplicação das novas estratégias na prática, na escala real dos programas de controle, em diferentes cenários de cidades”. Dessa forma, segundo Joaquim, foi possível mostrar os procedimentos operacionais da estratégia de EDLs construídos com equipes de várias cidades participantes da reunião, com os meios e recursos disponíveis.

Transferência 

Em uma carta-acordo firmada entre a Fiocruz Amazônia e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), no Brasil, com mediação do Ministério da Saúde, foram definidas as ferramentas de transferência tecnológica que serão utilizadas para a expansão da estratégia no País, com orientações básicas para implementação das estações e um curso virtual que capacita gestores e técnicos de saúde para combater doenças transmitidas por mosquitos, esclarecendo dúvidas e sendo certificados. O treinamento virtual é autoinstrucional em dois módulos nas modalidades síncrona e assíncrona, mostrando o passo a passo do processo de montagem das armadilhas, a implantação e manutenção das estações disseminadoras com o larvicida pyriproxyfen – de uso aprovado pelo Ministério da Saúde.

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