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Evento debate acesso a direitos por pessoas com deficiência


25/09/2023

Leonardo Azevedo (CCS)

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O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, foi marcado na Fiocruz por um encontro que discutiu as interseccionalidades dessa parcela da população, abordando os avanços das lutas e os desafios das resistências. O evento ocorreu na sexta-feira (22/9), no campus Manguinhos-Maré, no Rio de Janeiro. A iniciativa foi organizada pela Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz), com apoio do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência e o Fórum Acessibilidade da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). De acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18,6 milhões de pessoas com mais de dois anos têm algum tipo de deficiência no país - o que corresponde a 8,9% dos brasileiros.

O termo interseccionalidade permite compreender melhor as desigualdades e a sobreposição de discriminações e de sistemas de opressão – de raça ou etnia, capacidade física, orientação sexual, entre outros –, que se relacionam entre si na sociedade. Uma pessoa negra, lésbica e com deficiência tem mais dificuldade de acessar ambientes acadêmicos e profissionais do que uma pessoa negra, hétero e sem deficiência, por exemplo, explicou a coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas da Fiocruz, Hilda Gomes. 

A diretora e fundadora do Instituto Kevyn Johnson - Projetos Marias, em Manguinhos, Norma Souza, foi a primeira convidada a se apresentar. Ela destacou como os marcadores sociais dificultam o acesso a locais e a direitos, ressaltou a importância da presença de pessoas com deficiência em todos os espaços inerentes ao cidadão e contou um pouco da sua experiência como mãe e ativista. O instituto fundado por Norma leva o nome de um de seus filhos, Kevyn Johnson, que teve sequelas neurológicas após um erro médico no parto. Kevyn morreu em 2020, aos 22 anos, vítima de pneumonia.

Negação da identidade e visibilidade

O jornalista e escritor Ednilson Sacramento, escolheu a frase Parem de nos matar! para discutir sobre a negação da identidade da pessoa com deficiência, que é retirada por questões como a violência, a opressão e a falta de garantias. Ele cobrou ainda das autoridades a aplicação total dos recursos públicos destinados às pessoas com deficiência. "Nos matam quando nos chamam de especiais, nos matam quando nos chamam de excepcionais, nos matam quando nos chamam de surdinhos, mudinhos, surdo-mudo (...) Quando recebemos tratamentos como esses, nos estão sendo retiradas partes da nossa identidade”, declarou Sacramento, que é uma pessoa com deficiência visual. Para Hilda Gomes, a fala de Ednilson é contundente e emocionante, “pois a cada exemplo que você apresenta, nós, como instituição pública, percebemos o quanto devemos e falta fazer”.

Assistente administrativo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Alexandre Clecius apresentou sugestões que podem dar mais visibilidade às pessoas com deficiência, como: cursos e concursos adaptados com ferramentas de acessibilidade, como a tradução para Libras e adaptação para o braile; sinalização em todos os ambientes; e a presença de intérpretes em eventos e reuniões. “Acabam me convidando para palestras e não tem intérprete. Eu fico sem saber nada”, relatou em Libras. Clecius também apontou as dificuldades no acesso aos serviços de saúde, como o uso apenas da língua portuguesa pelos profissionais, que não é dominada por boa parte da comunidade surda. 

A fonoaudióloga da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro Carla Sampaio Borges, apresentou ações e projetos desenvolvidos com outras instituições e com outras pastas da Prefeitura. Carla ressaltou algumas experiências realizadas em escolas e museus para enfrentar o capacitismo e trazer a possibilidade de novas oportunidades e narrativas. 

Acessibilidade e inclusão na Fiocruz

A iniciativa foi organizada pela Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz), com apoio do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência e o Fórum Acessibilidade da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). 

A Cedipa foi criada com o objetivo de implementar ações que assegurem a efetivação das políticas institucionais da Fundação para equidade, diversidade, inclusão e políticas afirmativas, reconhecendo a pluralidade da instituição como um valor. A Coordenação deve colaborar ainda para a atuação dos comitês Pró-Equidade de Gênero e Raça e pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência da Fiocruz. 

Para entrar em contato com a Cedipa, envie um e-mail para cedipa@fiocruz.br.  

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