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Especial 2030: Tecnologias sociais são um dos caminhos para o desenvolvimento sustentável


29/11/2017

Aline Câmera (CCS)

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O último dia da consulta internacional sobre Ciência, Tecnologia e Inovação na implementação da Agenda 2030 e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODSs) relacionados à saúde reuniu, no Museu da Vida, em Manguinhos (RJ), organismos internacionais, pesquisadores e representantes de movimentos sociais e da sociedade civil. No centro das discussões, a relevante contribuição das tecnologias sociais. O encontro foi marcado também pelo lançamento da Plataforma Ágora, que faz parte da estratégia da Fundação para a iniciativa global, e do aplicativo We App Heroes, desenvolvido pela Suncious e o Centro Rio+, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Ao longo do dia, uma mostra reuniu diversas iniciativas de tecnologias sociais na praça Pasteur, ao lado do Castelo Mourisco.

Abertura do encontro debateu relevância da contribuição das tecnologias sociais (foto: Brenda Hada, Centro Rio+)

 

“Nossa intenção é estreitar os laços e dar visibilidade a essa gama de movimentos sociais e de organizações que acumularam ricas experiências ao longo dos últimos anos. As soluções desenvolvidas possuem um grande potencial no processo de produção de conhecimento, inovação e mobilização das pessoas em torno de questões relevantes da Agenda 2030 e dos ODSs”, antecipou Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030.

Consenso entre as autoridades presentes na abertura do encontro - que além de Gadelha, contou com a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, com o chefe do setor de análise de políticas da divisão para o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, Shantanu Mukherjee, e com o diretor do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável do Pnud, Romulo Paes - o sucesso da Agenda 2030 está diretamente ligado a um conjunto de fatores que incluem, entre outros aspectos, a inovação, seja em pequenas ações do dia a dia, seja na aplicação de tecnologias mais robustas, e, sobretudo, a capacidade de mobilização popular.

“O desenvolvimento sustentável nos remete, em geral, a um processo de transformação profundo, que exige a mobilização de grandes atores, como governos e grandes empresas. Na verdade, esta é apenas uma parte. Não podemos esquecer a importância do engajamento dos indivíduos, da sociedade civil como um todo e a necessidade de reunir conhecimentos pouco utilizados até então. Por isso a importância de hoje estarmos reunidos para compartilhar experiências no campo das tecnologias sociais”, destacou Romulo Paes. 

O chefe do setor de análise de políticas da divisão para o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, Shantanu Mukherjee, iniciou sua fala questionando os presentes: “vocês saberiam me dizer qual foi o primeiro objetivo global atingido pela ONU?”.  Segundo ele e para surpresa das gerações mais novas, a primeira meta alcançada foi a erradicação da varíola. “Com o tempo, outros objetivos foram pactuados. O que podemos observar é que a melhoria da saúde das pessoas, em geral, está relacionada a barreiras sociais e condições que dificultam o acesso. A colaboração necessária para alcançarmos as metas é muito mais ampla, vai além do que é realizado pelos governos”, pontuou ele. 

Na mesma linha, a presidente Nísia complementou: “Este é um exemplo muito apropriado, pois jamais teríamos chegado à erradicação, se não fosse a união entre pesquisa, tecnologia, política continuada de governos, a própria incorporação da vacina e as estratégias de mobilização”. A presidente enfatizou, ainda, que a integração de ações desses diversos campos representa  um grande desafio no cenário atual. Ela ressaltou a importância da inclusão das tecnologias sociais no contexto das políticas públicas.  

Rodas de conversa estimularam a troca de experiências

A primeira roda de conversa, intitulada Lições das Plataformas Online: Facilitando o Uso e Oferecendo Exemplos de Melhores Práticas, teve como moderador o secretário executivo da Estratégia Fiocruz na Agenda 2030, Guilherme Franco Netto. O painel reuniu experiências que já estão em curso como o caso da plataforma do Pnud focada na proteção social global; das cisternas e outras iniciativas de articulação do semiárido brasileiro; do Programa de Computação Científica da Fiocruz, responsável por desenvolver as ferramentas de notificação e monitorização de casos de gripe e arboviroses; do trabalho desenvolvido pela Fundação Banco do Brasil que atualmente possui quase mil tecnologias sociais certificadas, dentre as quais, seis têm a cooperação da Fiocruz; além das iniciativas da ONU no uso da tecnologia a favor da Agenda 2030.

Convidada para comentar as apresentações, em companhia da pesquisadora da Fiocruz, Teresa Campello, a presidente do Centro de Autonomia e Desenvolvimento da População Indígena da Nicarágua, Mirna Cunningham, enfatizou a importância da construção de alianças por um mundo mais equânime. “Precisamos estimular cada vez mais a associação entre a academia e os movimentos populares, pois desta forma multiplicamos a capacidade de inovação e criação de novas tecnologias. A tecnologia, associada à inovação social, permite recuperar a dignidade e os valores de uma sociedade. Esse é o caminho para alcançarmos os ODSs”. 

Já à tarde, as discussões giraram em torno da relação das tecnologias sociais  com a saúde. O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes foi o responsável por coordenar as explanações, ao lado do coordenador do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), Edmundo Gallo. “A riqueza das apresentações nos mostram o potencial de transformação que temos nas mãos. Precisamos agora pensar juntos a melhor forma de articular todas essas ações na perspectiva de trabalhar em rede e, assim, contribuir para a Agenda 2030”, pontuou o vice-presidente da Fundação. 

Encontro promoveu uma rica troca entre iniciativas que estão em curso (foto: Vinícius Ameixa)
 

A roda que fechou as atividades do encontro contou com a participação  dos pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Claudio Cordovil e Marcelo Firpo; do representante do Sebrae, Aly Ndiaye, que está a frente do programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais/Sebrae); do coordenador do Fórum de Comunidades Tradicionais do OTSS, Vagner do Nascimento; de Francisco Menezes, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase); e de Carmen Lúcia Luís, representante do Conselho Nacional de Saúde.  

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