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Equipe PMA realiza Oficina sobre Acessibilidade na 19ª SNCT


08/11/2022

Por Emerson Rocha e Laís Jannuzzi

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O primeiro encontro presencial da Rede PMA APS apostou na troca de saberes e experiências para pensar o diálogo entre ciência e pessoas com deficiência.  

A Oficina de Trabalho: Despertar para a acessibilidade foi realizada pela equipe do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde (PMA), ligado à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), e fez parte da programação da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) da Fiocruz. No Campus Maré, o lema “Nada sobre nós sem nós” guiou o debate entre pesquisadores de várias unidades da Fiocruz, lideranças de movimentos sociais, pessoas com deficiência ou suas cuidadoras. 

O objetivo foi pensar estratégias para a produção de conhecimento técnico-científico que, ao contemplarem a acessibilidade, possibilitam a inclusão do maior número de pessoas possível. A coordenadora do PMA, Isabela Santos, abriu o evento e falou que a Oficina de Acessibilidade era mais uma oportunidade de "fazer uma ciência na qual nós acreditamos. O PMA fomenta pesquisas para produzirem conhecimento com as pessoas e não apenas para as pessoas.” Ao defender o Sistema Único de Saúde (SUS) para todos, Isabela também disse: “se a sociedade é complexa, a ciência tem que ser diversa”. 

Divididos em duas Rodas de Conversas, os participantes exerceram atitudes inclusivas, como a autodescrição, para conseguirem trocar suas experiências a respeito do diálogo acessível entre a ciência e a população. Para a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) e integrante da Rede PMA APS, Laís Costa, é necessário reconhecer a violência social quando o conhecimento é produzido sem recursos de acessibilidade e acaba “deixando de fora um dos estratos populacionais [pessoas com deficiência] mais excluídos no Brasil (e no mundo)”. 

A fala da aluna do Programa Institucional de Iniciação Científica (Pibic), Letícia Oliveira, também mostrou que a linguagem acadêmica marginaliza outras identidades: “Eu sou moradora aqui de Manguinhos e faço Museologia. Essa questão de acessibilidade é muito importante, até mesmo quando eu estou na faculdade, porque na favela a linguagem é diferente dos textos acadêmicos. Esse choque de comunicação me fazia sentir que meu lugar não era ali”.  

Instigados pela pergunta das mediadoras, “Como promover estratégias de produção de conhecimento acessível e inclusiva?”, os integrantes conversaram sobre o uso das tecnologias assistivas, (como legendas, janelas de Libras etc.) e concluíram que elas devem ser pensadas desde o início do desenvolvimento da pesquisa. Norma Souza, fundadora e presidente do Projeto Marias, disse que encontra inúmeros desafios para levar informações para Manguinhos: “As mulheres participantes do projeto, em sua maioria, possuem baixa ou nenhuma escolaridade, portanto, termos científicos não são eficazes na divulgação”. A ativista afirmou que narrativas lúdicas, como paródias e teatro, são mais eficazes na comunicação.
 
Ao final das rodas, as mediadoras Isabella Koster e Laís Jannuzzi apresentaram as sínteses dos grupos. Foi estabelecido na oficina que o diálogo entre pesquisadores e interlocutores, considerando toda a diversidade humana, é fundamental para alcançar o objetivo de uma ciência para todos. O pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) e membro da Rede PMA APS, Maurício Monken, ressaltou a importância da ciência se aproximar dos saberes locais. Para ele, o grande desafio está em como viabilizar esse diálogo e desenvolver “uma metodologia para ouvir as vozes do território, suas fragilidades bem como suas potências”.  

Para além dos recursos assistivos, a oficina buscou induzir uma produção de conhecimento científico institucional, de maneira a avançar nas ações afirmativas ao contemplar pessoas com deficiência e suas cuidadoras. Lucimar Campos é psicopedagoga, ativista pela inclusão na Luta Pela Paz e tem dois filhos autistas. Depois da atividade, ela comentou “foi muito impactante ouvir os pesquisadores, estar ali. Agradeço demais a oportunidade e conte comigo (e com toda a rede) para as próximas”.

Como resultado da atividade, o PMA vai produzir um documento síntese, com os consensos/proposições estabelecidos entre os participantes do debate, e circulá-lo entre a Rede PMA APS, a Fiocruz e outros espaços. 

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