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Entrevista: conheça o Hub internacional da Fiocruz no The Global Health Network


03/06/2022

Valentina Leite e Flávia Bueno (VPEIC/Fiocruz)

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Em dezembro de 2019, a Fiocruz e a plataforma The Global Health Network (TGHN) concretizaram sua parceria com a criação de um Hub de conhecimento da Fundação nesse espaço. Este ano, uma remodelação completa do Hub foi produzida com o objetivo de melhorar o acesso aos conteúdos de interesse do público da TGHN, formado especialmente por pesquisadores de todo o mundo.

“TGHN é uma iniciativa da maior importância, com coordenação da Universidade de Oxford e participação da Fiocruz. Desde o primeiro momento, foi vista como como uma das ações estratégicas no processo de melhor articulação do papel da nossa instituição como um ator relevante na saúde global”, destacou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

Além de disseminação científica, outro objetivo fundamental do Hub é a promoção de parcerias internacionais. A TGHN tem a capacidade de conectar pesquisadores de todo o mundo nas mais diversas áreas, abrindo possibilidades de trabalho conjunto, submissão para financiamentos, participação em eventos e debates, entre outras ações.

A coordenadora do Hub da Fiocruz na The Global Health Network, Flávia Bueno, explicou que a iniciativa é fruto de um trabalho liderado pelo Dr. Gustavo Matta e que agora também conta com a parceria fundamental Coordenação de Informação e Comunicação (CINCO) da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz). Em entrevista exclusiva, Bueno contou um pouco sobre a importância do Hub. Confira, na íntegra.
 

Valentina Leite: A sociedade brasileira já reconhece a vasta e importante atuação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na saúde pública nacional. Mas muitos não conhecem o trabalho que é feito no âmbito internacional. Pode comentar brevemente sobre a importância dessa atuação em outros países?

Flávia Bueno: A Fiocruz atua a nível internacional há muitos décadas, com importante protagonismo principalmente na América do Sul e nos países de língua portuguesa na África. O Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), vinculado à presidência da Fiocruz, coordena e apoia atividades que visam a projeção internacional. Dentre as ações mais destacadas de referência mundial da instituição está a Rede de Banco de Leite Humano, que existe desde 1998.

Valentina Leite: Nesse sentido, de que forma você acredita que o Hub da Fiocruz no The Global Health Network (TGHN) contribui para o contexto de atuação internacional? O que essa iniciativa já traz ou ainda pode trazer de positivo para a Fundação?

Flávia Bueno: Mesmo sabendo que a Fiocruz dispõe de diferentes ferramentas de comunicação em outros idiomas, eu acredito que o Hub vá além: a TGHN tem o foco de reunir pesquisadores do mundo inteiro. A ideia dessa rede é permitir que pessoas de qualquer lugar do planeta realizem suas pesquisas de forma mais eficiente, a partir de recursos compartilhados, que podem ser adaptados às suas realidades.

Disponibilizamos protocolos de pesquisa, cursos, informações e inúmeros recursos para investigações de vários tipos – uma curadoria de conteúdos produzidos pela Fundação. Além de adaptar e traduzir o que já existente, também criamos cursos e outras ferramentas e conduzimos pesquisas próprias com foco nos países da América Latina.

Uma área que nos é bastante cara é a área de ciências sociais e estamos buscando fortalecer nossas ações no sentido de ampliar sua atuação, por exemplo com iniciativas de engajamento comunitário. Em 2020, criamos uma área específica para a Rede Zika Ciências Sociais, onde reunimos o que essa rede internacional produziu desde o início da emergência da Zika.

O Hub da Fiocruz existe para projetar a instituição, ainda mais, no cenário internacional como um ator protagonista da saúde global. O diferencial é que essa projeção alcança outros continentes, que talvez não fossem áreas de influência tão óbvias, o que coloca a Fiocruz como referência mundial na produção de conhecimento, inovação e educação.

Valentina Leite: O Hub da Fiocruz na TGHN já existe desde 2019. Em sua avaliação, quais são os principais planos e desafios da iniciativa para 2022 e para os próximos anos?

Flávia Bueno: Entre 2020 e 2021, nos envolvemos em um projeto com a TGHN e fizemos uma etnografia virtual de como os movimentos sociais no México, no Equador e no Brasil responderam à emergência da Covid-19. Criamos recursos a partir disso, que estão sendo disponibilizados no Hub e que geram visibilidade para esses movimentos e seus protagonismos de resposta em meio à crise política, econômica e sanitária.

Este ano, uma iniciativa importante foi a criação de um curso focado em respostas para emergências sanitárias, lançado esta semana pelo Campus Virtual Fiocruz. Temos ainda dois projetos se iniciando por agora, a partir do meio do ano, com financiamento da Bill e Melinda Gates e da Wellcome Trust e em parceria com outros centros de referência como o CDC África, o Icddr de Bangladesh e o HDR Global do Reino Unido em que estabelecemos um plano de ação para o fortalecimento de pesquisa, capacitação e ciências de dados na América Latina.

Para isso, serão criados, traduzidos e adaptados recursos de ciência aberta, gerenciamento e reuso de dados, além de projetos pilotos a serem desenvolvidos nos próximos 5 anos. O principal desafio é conseguir manter o protagonismo dos atores latino-americanos nesse processo, sabendo que temos instituições desenvolvendo trabalhos fundamentais na pesquisa que partem de problemáticas e realidades compartilhadas.

Como um último grande desafio, destaco que estamos ampliando o nosso escopo de trabalho – não só dentro da Fiocruz, mas também na América Latina. A ideia é que o Hub da Fiocruz, e a própria Fiocruz, sejam articuladores cada vez mais relevantes dos países latino-americanos no processo de fortalecimento de capacidades em pesquisa.

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