14/10/2021
Marcelle Chagas (InfoDengue)
Com o tema Inovações em vigilância de doenças transmissíveis em tempo de pandemia, o congresso E-vigilância 2021 apresenta, em sua segunda edição, uma série de projetos desenvolvidos durante a pandemia de Covid-19 que representam inovação e avanço no monitoramento de doenças. Com testagem em massa e apoio a moradores do Complexo da Maré e Manguinhos, comunidades do Rio de Janeiro, o projeto Conexao Saúde - De Olho na Covid reduziu óbitos pela enfermidade nas localidades. A logística do projeto, pioneiro em favelas e periferias, tem chamado a atenção pelos resultados obtidos. De julho de 2020 (início do projeto) a setembro de 2021, a Maré viu a taxa de letalidade no território cair 87% (número de óbitos entre pessoas infectadas).
Para explicar sobre os resultados e metodologia utilizada pelo Conexão Saúde, o médico sanitarista e coordenador do projeto pela Fiocruz, Valcler Rangel, participará da plenária do evento. A mesa temática Tecnologias sociais, vigilâncias participativas e comunitárias terá a participação de Everton Pereira da Silva que atua como coordenador da tenda de testagens da ação nas comunidades. O painel será mediado pela pesquisadora Thais Riback (Fiocruz/Rio de Janeiro) e ainda conta com a participação de representantes dos projetos Labjaca (Mariana de Paula e Seimour Souza) e Heróis Contra a Dengue (Norberth Lehmann).
A vigilância nas fronteiras tem se mostrado inovadora e estratégica. No que se refere a inovação, um exemplo concreto e atual tem sido a pandemia por Covid-19 que coloca em evidência a necessidade do setor saúde responder ao problema de forma coordenada e articulada com a vigilância não somente no âmbito nacional, mas também no internacional, especialmente nas fronteiras. Por isso, um painel temático sobre o tema faz parte da programação do congresso E-vigilância.
De acordo com Andrea Sobral, mediadora da mesa e pesquisadora em Saúde Pública do Departamento de Endemias Samuel Pessoa e coordenadora acadêmica do Programa Educacional VgiFronteiras-Brasil, o trabalho desenvolvido pela equipe de Vigilância nas fronteiras é extremamente amplo. "São diversas as atividades laborais exercidas pelos profissionais da saúde que atuam nas regiões de fronteiras como vigilância, gestão, assistência, diagnóstico e laboratorial, avaliação da qualidade dos serviços, entre outras", destaca a pesquisadora.
Ainda de acordo com Andrea Sobral, é extremamente estratégico avançarmos no conhecimento sobre a vigilância epidemiológica nas fronteiras, bem como uma oportunidade de ampliarmos os conhecimentos e fortalecermos a capacidade de resposta dos profissionais que atuam na gestão dos serviços de vigilância na região de fronteira brasileira.
Entre o exemplo de problemas causados pela falta da atuação da vigilância epidemiológica nas fronteiras, segundo a pesquisadora, está o surto de sarampo na região de fronteira entre Venezuela e Brasil. O colapso dos serviços de saúde de Caracas em 2018 e a baixa cobertura vacinal dos venezuelanos desencadearam surtos nos estados de Roraima, Amazonas e Pará em 2018, após ter sido erradicado no Brasil em 2015.
O painel Inovações na vigilância de fronteiras ainda conta com a participação dos pesquisadores Paulo Peiter (IOC/Fiocruz), Eduarda Cesse (Fiocruz Pernambuco e coordenadora geral do Programa Educacional VigiFronteiras-Brasil), Carlos Machado (Ensp/Fiocruz) e André Santos (Ensp/Fiocruz).
O congresso E-vigilância 2021 é promovido pela Fiocruz e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ocorre de 3 a 5 de novembro. Inscrições aqui.