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Dengue: atividades de divulgação e pesquisas persistem no combate à doença


20/02/2014

Por: Daniela Lessa e Claudio Oliveira/ Portal Fiocruz

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As chuvas de verão, que afetam grande parte do Brasil nessa época do ano, são um dos fatores da proliferação dos casos de dengue. De acordo com o Ministério da Saúde, somente em 2013 mais de 1,4 milhão de brasileiros foram diagnosticados com a doença. Para se prevenir, porém, bastam algumas ações muito simples: por exemplo, evitar o acúmulo de água parada. São cuidados que devem ser tomados dentro do ambiente doméstico, por qualquer pessoa, e que não duram mais do que alguns poucos instantes na semana. É isso que mostra a campanha 10 minutos contra a Dengue, idealizada com base nos conhecimentos dos pesquisadores da Fiocruz. Uma tabela simples mostra como qualquer um pode, em tão poucos minutos, eliminar os criadouros do mosquito ao seu redor, evitando o contágio.

No combate à dengue, é bom que mesmo as crianças estejam atentas. Para conquistar sua atenção, uma mostra no Museu da Vida, no campus central da Fiocruz, explica a doença por meio de um universo lúdico e interativo. Dengue está em cartaz até 7 de junho, e a visitação é gratuita. A exposição, que conta com o apoio da Sanofi e Rede Dengue, permite aos visitantes realizar observações com uso de microscópio, montar um mosquito em papel e levá-lo para casa, manipular um modelo de mosquito (de cerca de 30cm), tocar e observar o interior do inseto, entre outras atividades.

A campanha 10 minutos contra a Dengue e a mostra do Museu da Vida são algumas das ações atuais da Fiocruz na luta contra a doença, mas estão acompanhadas por uma série de outras iniciativas, que envolvem pesquisa, divulgação científica, atendimento, prevenção. Em seus mais de 100 anos de história, a Fundação já realizou diversas atividades visando à erradicação da doença. A primeira iniciativa contra o Aedes aegypti foi coordenada pelo próprio Oswaldo Cruz, em 1903.  Na época o Brasil vivia um surto de febre amarela e, graças às medidas adotadas para o controle da enfermidade, o Aedes aegypti foi erradicado em 1955. Posteriormente, o relaxamento das medidas de prevenção levaram à reintrodução do mosquito da dengue no país.

Hoje, a Fundação mantém, por exemplo, os sites da Rede Dengue e Dengue: vírus e vetor, com campanhas de prevenção, dicas, informações, links para pesquisas e vídeos de entrevistas com pesquisadores e sobre o mosquito da dengue, seu ciclo de vida e modos de propagação. No Glossário de Doenças da Agência Fiocruz de Notícias, o verbete “dengue” detalha vários aspectos da doença. E no canal do Instituto Oswaldo Cruz no YouTube há uma série de vídeos-aula, que contam a história do mosquito, sua transmissão, as estratégias de controle do vetor etc.

O Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) é outra unidade da Fiocruz que oferece informações sobre o problema, com foco em mulheres grávidas. O instituto recomenda o uso de vaporizadores elétricos e repelentes espirais, assim como o de telas de proteção em portas e mosquiteiros em casas com gestantes. Outras dicas sobre prevenção e tratamento podem ser acessadas no site do instituto.

Pesquisas

Diferentes unidades da Fiocruz fazem pesquisas visando à erradicação da dengue no Brasil. Recentemente, pesquisadores da fundação descobriram três espécies de plantas do pantanal mato-grossense que inibem a replicação do vírus. Segundo informa a pesquisadora Jislaine Guilhermino, uma delas apresenta atividade fenomenal contra o vírus; o próximo passo é testar o extrato vegetal para verificar sua toxidade. O projeto é realizado por meio de parceria entre a Universidade Anhanguera-Uniderp - na qual o curso de Agronomia já tinha catalogado quatro mil plantas do Pantanal mato-grossense - e a unidade da Fiocruz no Mato Grosso do Sul.

Antes, em setembro de 2012, a Fundação integrou o projeto internacional Eliminate Dengue: our challenge, com a versão Eliminar a Dengue: desafio Brasil, que, em linhas gerais, consiste em inocular a bactéria Wolbachia em mosquitos do tipo Aedes Aegypti para evitar que eles desenvolvam o vírus, estimular o cruzamento com insetos sem a bactéria em cativeiro e depois soltá-los na natureza. A expectativa é que a proliferação dos mosquitos contaminados com Wolbachia e, portanto, incapazes de desenvolver a dengue, resulte na contaminação dos demais e, consequentemente, na eliminação da dengue de forma sustentável. Além do Brasil, o método foi testado na Austrália, Vietnã e Indonésia.

Controle

Outro estudo recente foi feito por Mário Sérgio Ribeiro e publicado em sua dissertação de mestrado na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). Ribeiro apresentou uma análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da infestação do Aedes aegypti, que constatou a maior eficácia das ovitrampas – armadilhas com larvicidas que atraem o mosquito da dengue - quando comparadas ao método conhecido como Levantamento do Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa). A pesquisa foi realizada nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, no Estado do Rio de Janeiro.

Em Minas Gerais, o Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz/MG) também está realizando pesquisas na área. A unidade vem estudando os problemas neurológicos causados pelo vírus da dengue, está trabalhando para desenvolver ferramentas que possam facilitar a melhor compreensão das relações patógeno-hospedeiro invertebrado e busca fornecer ajuda para o controle de doenças transmitidas por mosquitos ao homem. A unidade dedica-se ainda à formação de recursos humanos para atividades de ensino e pesquisa.

Dados sobre outras pesquisas realizadas pela Fiocruz podem ser obtidas na edição especial realizada pela Revista de Manguinhos. Na publicação é possível conhecer as diferentes linhagens do mosquito transmissor da dengue, as diferenças entre o Aedes Aegypti e o pernilongo doméstico, mitos e verdades, entre outras informações.

Atendimento

Além de contribuir com a divulgação de informações e com a realização de pesquisas sobre a dengue, a Fiocruz também realiza atendimentos a pacientes encaminhados pelos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Para ser atendido no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), é preciso ser portador de ficha de referência com número de identificação e fotografia. Veja como funciona o atendimento à população em casos de dengue.

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