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Curso em Vigilância e Controle de Vetores forma primeiros alunos


09/08/2019

Lucas Rocha e Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

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Com a defesa dos trabalhos desenvolvidos nos últimos dois anos, o Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Vigilância e Controle de Vetores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) colhe seus primeiros frutos. O curso foi criado em 2016 com a missão de potencializar o desenvolvimento de estratégias e produtos para o controle de vetores e hospedeiros de parasitos, incluindo mosquitos, caramujos, carrapatos e barbeiros. 

A iniciativa surgiu a partir de demanda apresentada pelo Ministério da Saúde à Presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), considerando a necessidade de enriquecer a formação dos profissionais que atuam diretamente no serviço em saúde, especialmente nas atividades de vigilância entomológica e malacológica. A primeira turma do mestrado profissional, que iniciou as atividades em agosto de 2017, conta com 23 alunos, que atuam em Secretarias de Saúde do Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal. 

Cinco dissertações já foram defendidas e três bancas estão marcadas para as próximas semanas. Os trabalhos discutem temas como a dispersão de flebotomíneos e cães com leishmaniose visceral, a qualificação profissional de agentes de controle de endemias, a qualidade dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e a produção de materiais educativos como instrumento para o controle do Aedes aegypti

“Questões de importância para os municípios são a base dos projetos do mestrado profissional. Ao estreitar a ponte entre o serviço em saúde e a pesquisa desenvolvida no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), possibilitamos a criação de soluções conjuntas em sintonia com as demandas do Ministério da Saúde. As dissertações apresentam alto nível de qualidade, abordando praticamente todos os agravos de importância transmitidos por vetores”, destacou Fernando Genta, coordenador da Pós-graduação em Vigilância e Controle de Vetores e chefe do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos.

Doença negligenciada

A primeira dissertação defendida no Programa buscou contribuir para a vigilância e o controle da oncocercose, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma doença negligenciada. O agravo, conhecido como ‘cegueira dos rios’, é causado pela filária Onchocerca volvulus, transmitida por meio da picada do borrachudo ou pium (nomes populares dos mosquitos simulídeos). 

No continente americano, a doença permanece restrita à Terra Indígena Yanomami, nos estados do Amazonas e Roraima, na região Norte do Brasil, e no sul da Venezuela. Segundo o Ministério da Saúde, a infecção está em fase de pré-eliminação no Brasil não tendo sido registrados casos sintomáticos de 2000 a 2018.

Intitulada Simuliidae (diptera) nos polos sentinelas para oncocercose no Brasil, a dissertação da estudante Raquel de Andrade Cesário, teve como objetivo ampliar o conhecimento acerca da identificação taxonômica dos vetores da infecção no Brasil a partir de coletas realizadas em três polos sentinelas: Xitei, Toototobi e Balawaú, nos estados de Roraima e do Amazonas. O estudo foi orientado pelas pesquisadoras Marilza Maia Herzog, chefe do Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC, que atua como Referência Nacional em Simulídeos, Oncocercose e Mansonelose junto ao Ministério da Saúde, e Érika Silva do Nascimento Carvalho, do mesmo Laboratório.

Ao todo, foram coletados 247 mil vetores. O trabalho resultou na produção de um guia técnico com orientações para o reconhecimento dos vetores da doença no país. De acordo com a autora, os dados da pesquisa também podem contribuir para o planejamento de ações de vigilância. “Esse estudo integrou um grande esforço amostral para fundamentar e otimizar a logística de execução da vigilância da oncocercose no Brasil, visto que a área endêmica para a doença compreende a Terra Indígena Yanomami, onde o acesso é muito difícil e limitado”, destaca Raquel, que atua no Laboratório de Simulídeos e Oncocercose do IOC, desempenhando atividades relacionadas ao Programa de Eliminação da Oncocercose nas Américas, incluindo a supervisão do componente entomológico do Programa Brasileiro de Eliminação da Oncocercose (PBEO).

Formação continuada

Com 17 alunos, a segunda turma do mestrado profissional, que iniciou em agosto de 2018, tem conclusão prevista para 2020. Já a terceira turma, que teve o processo seletivo concluído em julho deste ano, contará com 25 estudantes. O início das aulas está previsto para 26 de agosto. 

Com o objetivo de facilitar a participação de profissionais que atuam na área da saúde, nos níveis federal, estadual e municipal, em diferentes regiões do Brasil, o Programa de Vigilância e Controle de Vetores oferece disciplinas de forma intensiva, durante uma semana por mês, permitindo o afastamento pontual dos alunos das suas funções. Para concluir a Pós-graduação, os mestrandos devem cumprir 18 créditos em disciplinas e 18 créditos na produção da dissertação.

Para mais informações sobre o Programa, clique aqui

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