25/05/2023
Silvia Batalha (VPAAPS/Fiocruz)
O Curso de Saúde e Agrotóxicos para o Fortalecimento do SUS no Campo, que teve início nesta quarta-feira, representa um marco na busca por soluções efetivas diante dos impactos dos agrotóxicos na saúde humana. Com a participação de médicos e médicas de todo o país, o evento tem como objetivo central abordar a problemática dos agrotóxicos, promovendo debates acerca das estratégias de controle social e vigilância popular em saúde. Através dessa iniciativa, pretende-se fortalecer a atuação dos profissionais de saúde dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), combatendo a subnotificação de intoxicações por agrotóxicos e ampliando a conscientização sobre essa questão crucial.
Essa relevante iniciativa é fruto de uma parceria estratégica entre entidades comprometidas com a defesa da saúde e do meio ambiente. A união da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um reflexo do reconhecimento da importância do SUS, da vigilância popular em saúde e dos impactos dos agrotóxicos. Essas organizações estão empenhadas em estruturar estratégias eficazes para enfrentar essa problemática, unindo conhecimento acadêmico e popular, além da mobilização social, na busca pela preservação do direito à vida, à cultura, aos territórios e aos corpos saudáveis.
A ampla participação de mais de 40 médicos e médicas de diversas regiões do país enriquece o curso, que oferece um programa diversificado de palestras, oficinas e debates com especialistas renomados. Os temas abordados abrangem desde o panorama atual do uso de agrotóxicos no Brasil, passando pelos impactos na saúde humana e no meio ambiente, até a legislação vigente e as alternativas sustentáveis para a produção de alimentos saudáveis. Além disso, o curso também aborda os desafios enfrentados pelo SUS nessa questão, visando aprimorar a capacidade de resposta e o conhecimento dos profissionais de saúde.
A Campanha Contra os Agrotóxicos destaca a importância de capacitar os profissionais de saúde para lidar com os desafios apresentados pelos agrotóxicos, a fim de garantir a orientação e a proteção adequada à população. Além disso, essa capacitação busca contribuir para a construção de mecanismos permanentes e eficientes de combate aos agrotóxicos. Clarissa Lages, representante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, ressalta a necessidade de ampliar o debate sobre essa temática na sociedade, com o intuito de denunciar os danos causados pelos agrotóxicos à saúde humana e ao meio ambiente. Ela enfatiza a importância do conhecimento, do posicionamento crítico, da denúncia e do apoio à luta contra os agrotóxicos, além de promover a formação política e técnica para a defesa do direito à saúde para todos os cidadãos.
A mesa de abertura do curso contou com a presença de representantes de diferentes instituições, incluindo Gabriela Lobato, da coordenação de Ambiente da vice-presidencia de Ambiente, Atencao e Promocao da Saude da Fiocruz (VPAAPS), Luiz Claudio Meirelles, do GT de Agrotóxicos da Fiocruz, Jakeline Pinto, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, e Joelson Santos, do MST. Durante a abertura, Hermano Castro, vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, ressaltou a importância de dialogar com ministérios, como o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para abordar a transversalidade do tema e agregar a luta pela vida.
O curso representa uma vitória na articulação entre movimentos sociais e profissionais da saúde, buscando promover a conscientização, capacitação e ações concretas no combate aos agrotóxicos. A troca de conhecimentos e experiências durante o evento contribuirá para fortalecer a atuação dos profissionais de saúde no âmbito do SUS, visando um enfrentamento efetivo da problemática dos agrotóxicos e a promoção de uma saúde de qualidade para todos.
Ao final da abertura, foi ressaltada a importância de fomentar a agroecologia, fortalecer os territórios, promover a formação política e técnica, e lutar em defesa da vida, contra o racismo ambiental, o garimpo, a mineração e tudo que destrói a vida. A união entre Fiocruz e movimentos sociais foi destacada como um marco significativo para a construção de respostas concretas e para enfrentar os desafios relacionados aos agrotóxicos.
O curso de Saúde e Agrotóxicos para o Fortalecimento do SUS no Campo demonstra a necessidade urgente de debater e agir diante dos impactos dos agrotóxicos na saúde humana e no meio ambiente. Através da união de profissionais da saúde, movimentos sociais e instituições, espera-se avançar na luta contra os agrotóxicos e promover um modelo de produção de alimentos mais saudável e sustentável para todos os brasileiros.