03/04/2020
Julia Dias (Agência Fiocruz de Notícias)
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, participou nesta quarta-feira (1°/4) de uma reunião de líderes de saúde global convocada pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom. A reunião teve como objetivo discutir o avanço das medidas de controle nos diferentes países, compartilhar lições aprendidas e, principalmente, debater os desafios futuros na pandemia de Covid-19.
O papel da OMS em uma transição pós-quarentena foi um dos principais temas debatidos. As medidas de isolamento afetam hoje mais de um terço a população mundial. O grupo de cerca de 30 líderes de diferentes instituições governamentais, de organismos internacionais e da academia discutiu a necessidade de um guia com as medidas que devem ser realizadas para uma transição suave e segura de abertura da quarentena. Este guia deve incluir avaliações de risco tanto a nível estadual, como nacional e regionais, com critérios, estratégias combinadas e indicadores definidos de acordo às diferentes realidades dos países. A OMS deve elaborar um documento inicial com proposta de uma estratégia global que poderá ser adequada às realidades locais. O documento será analisado pelo grupo, que deve se reunir semanalmente.
Única participante do Brasil, a presidente da Fiocruz ressaltou que o maior desafio do país é a combinação de desigualdade social e a alta concentração demográfica em áreas mais pobres, situação que se repete em outros países da América Latina. “Precisamos olhar para as populações mais vulneráveis, que não tem a possibilidade de fazer um isolamento social efetivo, e pensar medidas em conjunto com estas populações e não apenas para elas”, afirmou Nísia.
“A minha principal mensagem na reunião foi em relação a como os países em desenvolvimento vão encarar essa pandemia. Para esses países, a solidariedade, o compartilhamento de dados e de experiência é essencial para vencer este desafio”, disse a presidente da Fundação.
“Temos uma colaboração histórica com a OMS e estamos neste momento liderando no Brasil o estudo clínico Solidariedade”, lembrou Nísia, em referência à iniciativa de cooperação global, coordenada pela Organização Mundial da Saúde, para a busca tratamentos seguros e eficazes contra a Covid-19.
A Fiocruz tem desempenhado um papel fundamental na resposta à pandemia no Brasil. Além do estudo Solidariedade, a Fundação tem trabalhado para o aumento da capacidade de diagnóstico e de pesquisa e se dedica à construção de um hospital para atenção especializada à pacientes graves, entre outras ações.
A reunião foi coordenada pelo diretor executivo do programa de emergências em saúde da OMS, Mike Ryan, e teve participação dos embaixadores da OMS na luta contra o coronavírus da Covid-19. Entre as instituições representadas estavam o Centro de Controle de Doença dos Estados Unidos e da Nigéria (CDC EUA e CDC Nigéria); o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido; o Instituto Robert Koch da Alemanha; o Departamento de Epidemiologia da Região de Lazio da Itália; o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul; o Fundo Global de Luta contra Aids, Tuberculose e Malária; a London School of Hygiene & Tropical Medicine; o Imperial College London; o Fórum de Políticas de Saúde do Oriente Médio e Norte da África (MENA HPF); entre outras.
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