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Comunidades avaliam ações de saúde e agroecologia do projeto Ará na Bocaina


26/09/2023

Angélica Almeida (Agenda de Saúde e Agroecologia/VPAAPS) e Marina Duarte (OTSS)

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“Sem paz para viver, não tem saúde”. A fala de Vagno Martins, da Secretaria de Pesca e Agricultura de Paraty, durante a imersão de avaliação do projeto Ará, destaca como conflitos territoriais envolvendo comunidades e o Estado brasileiro têm provocado o adoecimento das populações. Na Costa Verde, caiçaras, quilombolas e indígenas denunciam violações do direito ao uso ao território, que se expressam por meio de restrições impostas às práticas ancestrais, de expulsão de comunidades e de judicialização de conflitos em áreas de unidades de conservação, parques e outras iniciativas sobrepostas ou próximas aos territórios tradicionais.

A saúde das pessoas e comunidades, que vai muito além da ausência de doenças, foi um dos eixos de avaliação do Projeto Ará no território, em encontro realizado no dia 14 de setembro na sede do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), em Paraty (RJ), com a participação da equipe e do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT). Os avanços, aprendizados e desafios relacionados à soberania e à segurança alimentar e nutricional das famílias; à construção social dos mercados; e à construção de conhecimentos na execução do Ará também foram objeto de reflexão coletiva. 


Foto: Angélica Almeida

Participaram representantes da Aldeia Rio Bonito, Aldeia Sapukai, Quilombo do Campinho, Quilombo da Fazenda, Quilombo Marambaia, além das comunidades da Almada, Itamambuca, Picinguaba, Saco do Céu e Ubatumirim. Membros dos programas territoriais da Fiocruz envolvidos na execução do Ará na Zona Oeste do Rio de Janeiro (Fiocruz Mata Atlântica) e Petrópolis (Fórum de Itaboraí), bem como da Agenda de Saúde e Agroecologia da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), da Embrapa, entre outras parcerias, também estiveram presentes.

O processo de escuta faz parte das ações de sistematização do Ará e resultará em uma publicação final do projeto. Também vai contribuir para pensar os caminhos de continuidade das ações na Costa Verde, na Zona Oeste do RJ e em Petrópolis.


Foto: Angélica Almeida

Na oportunidade, a coordenadora da incubadora de tecnologias sociais do OTSS, Sidélia Silva, destacou que o Ará tem contribuído para fortalecer as articulações na Costa Verde, e tem o potencial de ser referência de atuação para outras iniciativas: “Neste período do projeto, a gente consegue ver que houve integração das diversas camadas do território, das pessoas, dos projetos, das atividades e dos eixos temáticos”, pontua.
Para Márcio Roberto dos Santos, conhecido como Chico, caiçara e uma das lideranças da Praia da Almada, em Ubatuba (SP), onde o Ará tem atuado no fortalecimento da cadeia produtiva da pesca, o encontro foi essencial para a partilha das ações no território. “Foi importante para adquirir conhecimentos e levar pra dentro também do território tradicional, além de focar em fortalecer a agroecologia”, conta ele, que tem grandes expectativas na continuidade do projeto.

“A perspectiva da continuidade do projeto é alinhar e finalizar junto com as comunidades pesqueiras o que a gente já vem dando andamento, que é trazer para o futuro a cooperativa de pesca”, afirma Chico. 


Foto: Marina Duarte

Helena Lopes, da Agenda de Saúde Agroecologia, avalia que as imersões têm possibilitado o importante exercício de olhar para a caminhada do Ará nos últimos dois anos, a fim de tentar entender por meio de uma escuta ativa das comunidades quais são as ações de integração entre saúde e agroecologia têm sido promovidas. “A gente organizar este conhecimento é uma estratégia de garantir que este projeto continue reverberando nos territórios e na institucionalidade da própria Fiocruz”, analisa.

 

 

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