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Caminhos da vacinação contra o vírus influenza no Brasil


08/09/2005

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Caminhos da vacinação contra o vírus influenza no Brasil

Embora a gripe seja uma síndrome causada por diversos fatores, os casos mais preocupantes para a saúde pública são os desencadeados pela infecção do paciente com o vírus influenza, sobretudo em relação à população idosa do país, que, segundo o site do Ministério da Saúde, abrange cerca de 90% das mortes causadas pela doença. Para minimizar o problema, a vacinação contra o influenza vem sendo realizada desde 1999 e, atualmente, todos os maiores de 60 anos são convidados a receber a imunização. Em artigo publicado na Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo em janeiro deste ano, o médico Luiz Antonio Camacho, do Departamento de Epidemiologia da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fiocruz, analisa as implicações dessas campanhas. A pesquisa foi desenvolvida em parceria com especialistas Instituto de Saúde Coletiva. Em entrevista à Agência Fiocruz de Notícias, Camacho comenta as dificuldades encontradas nessa caminhada.

Agência Fiocruz de Notícias: Como surgiu a necessidade de implementar a vacinação contra a gripe no Brasil e por que somente os idosos foram escolhidos para recebê-la?

Luiz Antonio Camacho: A Coordenação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) da Secretaria de Vigilância em Saúde é responsável por definir estratégias e normas técnicas para a utilização de imunobiológicos, com base na vigilância epidemiológica das doenças. Há mais de 25 anos, dá as diretrizes para o calendário básico de imunizações, voltado sobretudo às crianças. Com o tempo e o sucesso alcançado em suas campanhas, o PNI decidiu incorporar outras áreas de atuação, selecionando novas doenças e grupos etários para programas de vacinação em massa.

Para fazer essa seleção, muitos critérios foram considerados. Inicialmente, pensou-se a respeito das prioridades que se tem em termos de saúde pública considerando, entre outros elementos, a vulnerabilidade de uma doença a programas de imunização. Foi preciso também considerar que as ações de imunização em massa requerem uma vacina eficaz e que se preste à aplicação em massa. Além disso, é preciso levar em conta uma série de dados epidemiológicos e a relação entre o custo e a efetividade da vacina.

Naquele momento, a coordenação do PNI verificou o grande número de internações de idosos por casos graves ou complicações da gripe causada pelo vírus da influenza. Então, em 1999, teve início a campanha de vacinação contra a gripe de pessoas com mais de 65 anos, porque esse foi o grupo entendido como o que receberia maiores benefícios com a vacinação. Em 2000, a campanha foi estendida aos maiores de 60 anos. Embora outros grupos pudessem ser beneficiados com a imunização, optou-se apenas pelos mais fragilizados devido ao alto custo da vacina, a mais cara fornecida pelo PNI (cerca de R$ 30 a dose).


AFN: Quais as expectativas em relação à campanha de vacinação e quais, de fato, foram os resultados obtidos?
LAC: A eficácia da vacina já era conhecida: ela pode evitar entre 70 e 80% dos casos graves de gripe. Portanto, o objetivo principal da vacinação de idosos era diminuir as internações por casos graves e complicações da influenza, que são aquelas que têm maior impacto sobre a saúde pública.

Por outro lado, é muito difícil precisar dados sobre a ocorrência da gripe no Brasil. Como não é uma doença de notificação compulsória, ou seja, não conta com um registro regular que nos permita acompanhar seu comportamento epidemiológico, existem somente dados secundários. Esses dados indicavam a necessidade de vacinar, mas, como não eram dados muito precisos, também criaram uma dificuldade para acompanhar o impacto da vacina. Sem um quadro epidemiológico muito preciso, como o que existe para a meningite, por exemplo, é muito difícil objetivar as modificações que podem ser geradas pela vacinação.

Para tentar resolver o problema, o Secretaria de Vigilância em Saúde instalou o que chamamos de vigilância virológica. Foram selecionados alguns serviços de saúde onde seria esperado encontrar a maior parte dos casos de influenza. A partir daí, é feita a colheita de material como a secreção dos indivíduos com síndrome gripal, de onde os especialistas procuram isolar o vírus da gripe, confirmando, então, o diagnóstico.

Leia a entrevista na íntegra no sítio da Agência Fiocruz de Notícias.

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