27/07/2017
Fonte: ICC/Fiocruz Paraná
Referência para Ministério da Saúde na região Sul do país, o Laboratório de Virologia Molecular do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) passará a contribuir ainda mais para enfrentar o desafio relacionado ao diagnóstico diferencial de doenças causadas por flavívirus no Brasil, especialmente dengue, zika e febre amarela. Com expertise em pesquisas voltadas para o desenvolvimento de testes para detecção de vírus de importância para a saúde pública e emergentes, a equipe do ICC atuará em uma nova plataforma tecnológica com capacidade para analisar simultaneamente uma média de 1.580 amostras a cada hora, e realizar o diagnóstico sorológico – aquele capaz de detectar anticorpos na fase aguda da infecção e depois dela. O trabalho já mostrou resultados importantes, já que a metodologia utilizada reduziu de 50% de reatividade cruzada entre amostras de dengue e zika, um dos principais problemas apresentados pelos testes disponíveis atualmente para a doença, para apenas 9% de resultados indeterminados (não houve falsos resultados).
“O ineditismo do trabalho está em usar técnicas de alta complexidade para este tipo de diagnóstico. Nossa nova plataforma contará com equipamentos capazes de realizar diagnóstico por imagem, analisando um grande número de amostras simultaneamente”, ressalta a virologista do ICC e chefe do Laboratório, Cláudia Nunes Duarte dos Santos. “Realizamos o processo utilizando um algoritmo preconizado pelo Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) e constatamos que somente 9% do total de amostras analisadas para diagnóstico Zika resultaram em indeterminadas. O resultado representa um avanço, já que os testes utilizados atualmente têm uma média de 50% de reatividade cruzada entre as infecções por dengue e zika, o que dificulta muito o diagnóstico preciso, especialmente no caso das infeções por Zika e seus desdobramentos (transmissão congênita por exemplo). Outro ponto importante é que os diagnósticos são sorológicos. Atualmente, somente testes moleculares, que precisam ser realizados em até cinco dias após o aparecimento dos primeiros sintomas, são realizados.”, explica a pesquisadora.
A metodologia utilizada para a análise das amostras está em processo de patenteamento pela Fiocruz Paraná e a plataforma tecnológica conta com dois equipamentos que utilizam o sistema de análise de alta performance por imagem. “Teremos disponíveis dois equipamentos do sistema Operetta, um adquirido com recursos conquistados por meio de edital de agência de fomento para projetos relacionados à pesquisa de Zika e o outro cedido por uma instituição filantrópica internacional, como reconhecimento da importância do trabalho que estamos desenvolvendo na área”, destaca Cláudia. A equipe do Laboratório de Virologia conta com a atuação da pesquisadora Andrea Koishi, treinada especialmente para trabalhar nos equipamentos.
A ideia é ampliar o alcance do trabalho, customizar os processos para realizar a detecção de outros vírus emergentes. “Estamos trabalhando para validar o método para o diagnóstico de febre amarela. Ainda temos alguns desafios, como a equipe de profissionais reduzida, mas nosso objetivo é nos tornarmos um centro importante para a área no país”, finaliza a virologista do ICC/Fiocruz Paraná.
O trabalho desenvolvido no ICC foi tema de matéria jornalística publicada pelo jornal Folha de São Paulo em sua edição de 26 de julho.
Fiocruz Paraná como protagonista na pesquisa sobre zika
Único atuando como sentinela na região Sul do país, o Laboratório de Virologia Molecular do ICC participa de forma significativa do esforço empregado pela Fiocruz no desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao zika. O grupo foi responsável pela confirmação, através do sequenciamento do genoma viral, em maio de 2015, da presença do zika em oito amostras humanas vindas do Rio Grande do Norte.
Em 2016, a equipe divulgou resultados de uma pesquisa que reforçou a relação entre o vírus e as más-formações congênitas. Um passo importante para ter uma ideia mais ampla da infecção do vírus e potenciais mecanismos de transmissão e ter uma dimensão quantitativa de pessoas infectadas. Atualmente, somente testes moleculares, que precisam ser realizados em até cinco dias após o aparecimento dos primeiros sintomas, são realizados.
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