24/12/2018
Por: Nathállia Gameiro (Fiocruz Brasília)
A Plataforma Tecnológica para o Monitoramento Participativo de Emergência de Zoonoses, coordenada pela pesquisadora Márcia Chame, foi uma das iniciativas vencedores do Prêmio ODS Brasil 2018 na categoria Ensino, Pesquisa e Extensão, conferido pela Secretaria de Governo da Presidência da República. A cerimônia foi realizada na última quinta-feira (13/12), no Palácio do Planalto, em Brasília.
Coordenada pela pesquisadora Márcia Chame, a Plataforma Tecnológica para o Monitoramento Participativo de Emergência de Zoonoses foi uma das iniciativas vencedores do Prêmio ODS Brasil 2018 (foto: Sergio Vellho Junior, Fiocruz Brasília)
“Receber um prêmio é sempre muito bom porque o reconhecimento alimenta a nossa vontade de trabalhar mais e de buscar novas soluções. Ter um trabalho reconhecido nacionalmente é sensacional. A minha equipe é composta por muitos jovens, espero que eles se fortaleçam muito com essas conquistas”, comemorou a pesquisadora Márcia Chame. O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, e o coordenador da Estratégia Fiocruz na Agenda 2030, Paulo Gadelha, prestigiaram o evento ao lado de outros pesquisadores da instituição.
O troféu em formato de cacto Mandacaru, símbolo de resistência no Sertão e de superação de dificuldades, foi fabricado por artesãos de Várzea Queimada, comunidade localizada na zona rural do município de Jaicós no interior do Piauí, e tem design de Marcelo Rosenbaum. A escultura é feita de borracha de pneu de caminhão, material usado na região para confecção de vários objetos, principalmente chinelos.
Lançado em 2014, o projeto da Fiocruz vencedor do 3º lugar da categoria, é uma ferramenta que permite o registro e monitoramento de animais silvestres por qualquer pessoa, com georreferenciamento. É possível inserir dados de anormalidades como feridas e mudanças de comportamento da fauna e características do ambiente. “Os dados da saúde no Brasil não são georreferenciados e isso limita a capacidade de trabalhar com modelos de prevenção e controle”, afirma Chame. A pesquisadora explica que o aplicativo trabalha ainda a ciência cidadã, no momento em que permite que as pessoas se envolvam no processo de monitoramento dos animais. Para Márcia, possibilita ainda que a sociedade conheça a relação entre a saúde silvestre e a saúde das pessoas e repensem a forma de viver: a conservação da biodiversidade que pode trazer melhorias para a saúde e modificar o processo de transmissão de doenças, e ao mesmo tempo os impactos e degradação ambiental que fazem com que algumas doenças reapareçam.
O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, e o coordenador da Estratégia Fiocruz na Agenda 2030, Paulo Gadelha, prestigiaram o evento ao lado de outros pesquisadores da instituição (foto: Sergio Vellho Junior, Fiocruz Brasília)
As informações inseridas no aplicativo são analisadas por pesquisadores, que relacionam as ocorrências com diversos dados de infraestrutura socioambiental, modificações ambientais, mudanças climáticas e do uso da terra, para tentar entender como é a dinâmica frente ao mundo que se transforma, por que algumas doenças têm surtos em certas localidades, desaparecem em umas regiões e permanecem em outras. Mais de 58 comunidades já utilizaram o aplicativo, do Norte ao Sul do país. Com o uso e o retorno das pessoas, já foram feitas mais de 200 melhorias no aplicativo. “Isso mostra como o conhecimento tradicional e o científico podem se somar, agregar e construir”, destaca a pesquisadora.
O Prêmio ODS 2018 é uma iniciativa do Governo Federal. Ao todo, 1038 iniciativas foram inscritas. Destas, 39 práticas foram selecionadas para a etapa final, nas categorias Fins Lucrativos; Ensino, Pesquisa e Extensão; Governo; e Sem Fins Lucrativos. O Comitê Técnico avaliador foi composto por representantes da Secretaria de Governo, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e do Ministério da Saúde (MS).
Entre as finalistas, outra iniciativa da Fiocruz: Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina. Os pesquisadores Vagner Nascimento e Edmundo Gallo receberam a placa de Honra ao Mérito. O Observatório foi criado em 2009 em parceria com o Fórum de Comunidades Tradicionais e atua na Serra da Bocaina, entre os municípios de Ubatuba (SP), Paraty e Angra dos Reis (RJ) buscando reduzir as situações de conflito e promover o desenvolvimento territorial. Existem mais de 100 comunidades tradicionais caiçaras, indígenas e quilombolas.
Durante a cerimônia, foi anunciado o lançamento de um banco de práticas que servirá de referência para a implementação e a disseminação de projetos sociais, ambientais, econômicos e institucionais na Agenda 2030. Estiveram presentes o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha e da Secretaria de Governo, Carlos Henrique Sobral, o secretário de Articulação Social, Henrique Villa.