09/05/2017
Por: Kath Lousada (Fiocruz Mata Atântica)
Um mico-leão-dourado foi fotografado na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica, campus avançado para pesquisas em biodiversidade e saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Jacarepaguá. A espécie de primata exclusiva da Mata Atlântica brasileira - estampada na nota de R$ 20 - foi avistada juntamente com um grupo de saguis-de-tufo-branco pelos biólogos Iuri Veríssimo e Monique Medeiros, que trabalham na gestão ambiental e no levantamento da biodiversidade da Estação Biológica da Fiocruz.
Segundo o biólogo responsável pela gestão ambiental do Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica / Estação Biológica, Ricardo Moratelli, o próximo passo é descobrir a origem desses animais — se são remanescentes de uma população local ou se foram trazidos de outra região e soltos na área. A Estação Biológica da Fiocruz fica adjacente e parcialmente sobreposta ao Parque Estadual da Pedra Branca, que abriga a maior floresta urbana das Américas, segundo cálculos da equipe de pesquisadores, há aproximadamente 50 km2 de florestas de baixada (entre 100–300 m) bem preservadas, que são o habitat preferido do mico-leão-dourado.
Primata da Mata Atlântica
O mico-leão-dourado é uma espécie de primata exclusiva da Mata Atlântica brasileira. Os primeiros naturalistas europeus que visitaram a região do atual estado do Rio de Janeiro, entre os séculos 16 e 19, ficaram encantados com esses primatas e alguns exemplares foram prontamente coletados e enviados para a Europa, sendo formalmente descritos em 1766 pelo celebre naturalista sueco Carolus Linnaeus.
Registros do período colonial até inicio do século 19 indicam que a espécie ocorria ao longo de quase toda faixa litorânea do estado do Rio de Janeiro, incluindo o município do Rio. Devido à rápida perda de habitat ao longo dos séculos 19 e 20, a espécie foi localmente extinta na maior parte de sua área de distribuição. Até a década de 1940, a espécie ainda ocorria em Araruama e Maricá, mas logo depois ficou restrita à uma pequena região na bacia do Rio São João.
Na início da década de 1960, quando restavam cerca de 200 micos, o primatologista e conservacionista Adelmar Coimbra Filho estabeleceu as bases de um programa de salvamento para a espécie. Esse esforço se consolidou em um grande projeto de preservação, proteção e estudo do mico-leão-dourado, que desde 1992 é liderado pela Associação Mico-Leão-Dourado. Hoje, existem cerca de 3.200 micos vivendo livremente, com todas as populações concentradas em alguns poucos municípios do interior do Rio de Janeiro, sendo as maiores nas Reserva de Poço das Antas e Reserva Biológica União.
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