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Abrasco relança dossiê e disseca estratégias das multinacionais de agrotóxicos


08/05/2015

Por Carlos Tautz/ Portal Fiocruz

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A conjuntura nacional piorou desde 2012, quando a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) lançou a primeira versão do seu Dossiê Abrasco: Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Relançado no dia 28 de abril com uma ampla análise do cenário brasileiro de agrotóxicos, o estudo virou livro, tem visual muito mais atraente, pode ser utilizado como material pedagógico no meio rural e tem uma quarta e nova parte. Trata-se do capítulo em que os autores – técnicos da Abrasco e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz e militantes de organizações não governamentais do setor, como a Articulação Nacional da Agroecologia  – dissecam as estratégias das multinacionais produtoras de veneno agrícola e propõem 10 ações urgentes para reduzir e regular o uso de agrotóxicos no Brasil.

O dossiê é um calhamaço de 628 páginas fartamente ilustrado e dividido em palavras-chave: segurança alimentar e nutricional e saúde; saúde, ambiente e sustentabilidade; conhecimento científico e popular: construindo a ecologia dos saberes; e, a novidade, o capítulo intitulado “A crise do paradigma do agronegócio e as lutas pela agroecologia”. O dossiê também está disponível on-line.

“Dois exemplos são marcantes de como a situação piorou nos últimos três anos. O primeiro foi a autorização em 2013, em caráter de emergência, para a importação do veneno benzoato de emamectina, produzido pela multinacional Syngenta e que já havia sido proibido pela própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2007, por suspeita de que ele possa causar má-formação fetal. O outro exemplo foi a exoneração de Luiz Claudio Meirelles, da Anvisa, após ele denunciar, inclusive à presidência do órgão, irregularidades na concessão de autorizações de registro de agrotóxicos”, diz Fernando Ferreira Carneiro, pesquisador da Fiocruz Ceará e um dos autores da publicação.

Como consta do dossiê, a justificativa para liberação da importação do benzoato de emamectina foi uma suposta “calamidade” que ocorreria devido à incidência da lagarta Helicoverpa armigera em algumas culturas como algodão, soja e milho, inicialmente na Bahia”.  O Ministério da Agricultura declarou emergência fitossanitária na região e depois a estendeu a outros sete estados.

O caso de Luiz Claudio Meirelles foi tão grave quanto este. Em 2012, após 13 anos na Agência, ele foi desligado da Gerência Geral de Toxicologia ao denunciar que “o deferimento de produtos sem a necessária avaliação toxicológica, falsificação de minha assinatura e desaparecimento de processos em situação irregular”. No total foram identificadas, até a saída do ex-gerente da GGTOX, irregularidades em sete produtos”, registra o dossiê.

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