02/09/2014
Fonte: Icict/Fiocruz
Os resultados do levantamento nacional sobre o uso do crack realizado pela Fiocruz em 2013 podem ser verificados no livro digital Pesquisa Nacional sobre o uso de crack – Quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras?, lançado pela Fundação. Organizado pelos pesquisadores do Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict/Fiocruz), Francisco Inácio Bastos e Neilane Bertoni, o livro é resultado da parceria entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e a Fiocruz.
A publicação traz uma ampla investigação, que buscou delinear o perfil dos usuários de crack no Brasil e estimar a proporção dessa população nas 26 capitais e no Distrito Federal. A pesquisa servirá para orientar as políticas governamentais e sociais voltadas à população usuária de crack e outras drogas similares.
Presença de outras drogas na rotina de brasileiros
Duas inovações nas metodologias foram incorporadas na pesquisa: a Time Location Sampling (TLS), que permitiu acessar a população flutuante dos usuários de crack e/ou similares (pasta-base de coca, merla e oxi, que assim como o crack são consumidos em cachimbos, latas e copos, ou em outros aparatos correspondentes) nas cenas de uso da droga; e a Network Scale-up Method (NSUM), através do inquérito domiciliar, que possibilitou realizar as estimativas do número de usuários no país. Ao todo, foram entrevistadas 32.359 pessoas (24.977 no inquérito domiciliar e 7.381 usuários nas cenas de uso).
Um dos pontos altos da pesquisa é mostrar que o crack não pode ser visto como a única droga existente no Brasil com potencial que cause danos à população, pois outras drogas ilícitas como a cocaína, por exemplo, também estão presentes no dia a dia do brasileiro. Mesmo assim, além de trazer números sobre a real situação do crack no país, a Pesquisa Nacional sobre o uso de crack revela que são as vulnerabilidades sociais que marcam o usuário – jovens adultos, homens e mulheres – a maioria com baixa escolaridade, negros ou pardos, evidenciando que o uso do crack no Brasil é, atualmente, um problema social.
A pesquisa também conclui que a oferta de serviços de saúde não é suficiente, e que as ações sociais são absolutamente estratégicas para o enfrentamento do quadro, “desde o serviço mais simples de acolhimento, de alimentação e de higiene pessoal, até os programas que buscam efetivamente emancipar e oferecer condições para uma vida digna numa dimensão ampla”.