29/10/2021
Nathalia Mendonça (Cooperação Social da Fiocruz)
A 13ª edição do Radar Covid-19 Favela traz como tema “A vacinação na Maré”, com informações sobre a campanha de vacinação de segunda dose no território realizada por meio da articulação entre Fiocruz, Redes da Maré e prefeitura do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Saúde. Também são destaques dessa edição a precarização dos serviços de saúde, o empobrecimento e avanço da tuberculose nas favelas.
A seção Megafone traz informações sobre a ação de vacinação que ocorreu entre os dias 14 e 16 de outubro na Maré, atingindo 70% de cobertura vacinal de segunda dose. O impacto do estande de tiros da cidade da polícia na vida e saúde mental dos moradores de Manguinhos também foi tematizado na seção.
Em O que tá pegando nas favelas?, “Tuberculose avança em Manguinhos, junto com a fome, o empobrecimento dos moradores e a precarização dos serviços de saúde” os relatos do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Pereira e da Clínica de Saúde da Família Victor Valla, ambos em Manguinhos, alertam para o aumento de casos registrados da doença nos últimos dois anos devido a insegurança alimentar e social, e más condições de vida que se agravaram no contexto de pandemia. Além disso, os relatos destacam a desestruturação do trabalho das equipes no período de pandemia com o afastamento de muitos profissionais de saúde e as mudanças de escalas para atendimento específico da Covid-19.
Nessa mesma editoria, Elaine Marcelina, moradora de Campo Grande, coordenadora do Centro de Cultura e Memória Ancestral Kasa Marcelina, aborda sua atuação em projetos e distribuição de alimentos e cestas básicas na Zona Oeste do Rio de Janeiro - trabalho realizado há mais de seis anos e que sofreu com os impactos da pandemia. Em seu relato “Como comer, viver e ter moradia, na pandemia da Covid-19?”, Elaine escreve sobre sua trajetória pessoal e sua luta no combate à fome.
A seção também apresenta o resultado final do Ciclo de Oficinas Fotojornalismo - Olhares da periferia, realizado pelo Instituto C.A.S.A. (@intituto_casa) através da parceria com a Agência de Notícia das Favelas (ANF) e a Secretaria Especial da Juventude Carioca, foi desenvolvida uma produção de fotojornalismo autoral dos jovens com os trabalhadores informais e feirantes da Pavuna, Zona norte do Rio de Janeiro, tratando de como a pandemia afetou sua sobrevivência. As entrevistas, fotografias e resultados finais das oficinas estão presentes no texto “Olhares da periferia: uma volta pela feira da Pavuna”.
O Fórum Favela Universidade juntamente com a Fiocruz, UFRJ e parceiros, promovem a 1º Jornada Científica Favelades Universitáries, que acontece entre os dias 16 a 20 de novembro. A proposta do evento é refletir sobre as dificuldades no acesso e permanência na Universidade e o que tem sido produzido pelos acadêmicos de favela e as produções feitas sobre o território.
Encerrando a editoria O que tá pegando nas favelas?, o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais da Maré (NEPS-CEASM) oferta oficinas para acesso ao mestrado. O texto apresenta o contexto histórico de atuação do Núcleo de Pesquisa em um percurso de 20 anos além de apresentar depoimentos de estudantes e professores que integram o programa. O NEPS se configura como um dos projetos do Ceasm e tem como finalidade construir um esforço permanente na produção de conhecimento que valorize as periferias urbanas do país. Desde final de agosto, o projeto já ofertou duas oficinas de elaboração de pré-projeto de pesquisa.
A seção Debates desta edição apresenta a reflexão dos epidemiologistas Reinaldo Dantas Lopes; professor de geografia do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm) e PVCSA, Geógrafo do Laboratório de informações e Registro da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), mestrando no programa em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz); e Felippe de Oliveira Cezário, coordenador do Serviço de Vigilância em Saúde da Rocinha, mestrando em epidemiologia e saúde pública pela Ensp/Fiocruz; sobre a tuberculose no contexto da pandemia de Covid-19, que destacam o cenário de desemprego, piora das condições de vida e moradia, diminuição da renda familiar e como esse contexto de insegurança dificulta o acesso à saúde e o enfrentamento da doença. O texto “Acesso à saúde na favela durante a pandemia”, assinado por Paloma Nunes, jovem moradora de Manguinhos, debate o acesso à saúde dos moradores de favela durante a pandemia e chama atenção para a negligência, a precarização dos serviços públicos e a violação do direito à saúde.
Encerrando a edição, a seção Mobilizações sociais traz o texto “Atos de brutalidade em ações policiais em Manguinhos” de Roger Almeida, morador de Manguinhos e Jovem Aprendiz na Cooperação Social da Fiocruz. Nele, Roger aborda o tema da violência policial e o processo de mobilização das Mães de Manguinhos, uma rede de mães que tiveram seus filhos assassinados.
O Radar Covid-19 Favela usa como base de coleta dos relatos as mídias sociais de coletivos de favelas cariocas, o contato direto com moradores, lideranças e movimentos sociais e busca sistematizar, analisar e disseminar informações sobre a situação de saúde nos territórios em foco em cada edição. Lideranças e comunicadores populares podem enviar sugestões de pauta, matérias e crônicas sobre a Covid-19 em seus territórios para o e-mail radar.covid19@fiocruz.br. O Radar Covid-19 Favelas e o Boletim Socioepidemiológico nas Favelas são iniciativas da Sala de Situação Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro e podem ser acessados na página do Observatório Covid-19 da Fiocruz.