ObservaPICS é vinculado à Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz

O Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS) está vinculado, a partir deste ano, à Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fundação Oswaldo Cruz. “A política de práticas integrativas é necessária ao SUS. Precisamos avançar para superar entraves quanto ao estudo, formação, uso e adesão pelos profissionais de saúde. O Observatório da Fiocruz atua nesse processo”, avalia Hermano Albuquerque de Castro (foto abaixo/Ascom Fiocruz PE), vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação.

Para a  coordenadora da área de Atenção à Saúde da VPAAPS, Patrícia Canto (foto abaixo/ Ascom Fiocruz PE), a incorporação do ObservaPICS por essa Vice-Presidência “é uma grande oportunidade de ações transversais entre a atenção, a promoção e o ambiente, sendo um meio de maior integração”. Na opinião de Patrícia, para que as PICS sejam melhor aceitas por gestores e profissionais de saúde e cheguem com segurança aos usuários, é importante ampliar a divulgação acerca do que está regulamentado e disponível no SUS. “Ao mesmo tempo, há necessidade de políticas públicas específicas, que sejam capazes de incentivar as práticas”, completa.

Sobre a aproximação entre os saberes indígenas e o sistema de saúde, outro tema acompanhado pelo ObservaPICS, Patrícia Canto observa que não se trata “de um desafio fácil, pois os profissionais do SUS, em sua maioria, não são capacitados para trabalhar nessa situação e com a diversidade, acabando por impor práticas alopáticas no tratamento e intervenção”. Incluir os saberes tradicionais como tema de discussão nas universidades e “oferecer capacitação no SUS aos profissionais designados ao trabalho com os povos originários” são medidas que poderiam ajudar nessa relação, sugere.

TRABALHO INTEGRADO

Para a coordenadora do Observatório, pesquisadora Islândia Carvalho, da Fiocruz Pernambuco, a integração à VPAAPS fortalece a aproximação do ObservaPICS com os produtores de ciência, o SUS, a comunidade, os saberes tradicionais e a proteção da natureza na busca pelo desenvolvimento de territórios saudáveis. Abre, segundo ela, a oportunidade de trabalho ampliado com outras iniciativas da Fiocruz que defendem a promoção de saúde plena ao cidadão e um SUS qualificado, especialmente voltado aos mais vulneráveis socialmente.

“Agradecemos o apoio que recebemos da presidência da Fiocruz desde a criação do Observatório e acreditamos que agora, amparados na VPAAPS, poderemos atuar conjuntamente com demais projetos voltados à atenção e promoção da saúde na perspectiva de uma saúde integral”, destacou Islândia Carvalho. A sede física do ObservaPICS fica na Fiocruz Pernambuco. Desde que foi criado, o Observatório esteve ligado ao gabinete da Presidência da instituição.

OFICINA NO RECIFE

A equipe do ObservaPICS participou, nos dias 20 e 21 de março último, de oficina promovida pela Coordenação de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (CAAPS) da Fiocruz Pernambuco com a equipe de coordenadores da VPAAPS.

“A oficina no Recife foi um grande encontro. Temos muito o que fazer juntos e discutir nossas dificuldades e possibilidades é um momento de riqueza para a Fiocruz. A VPAAPS tem procurado essa maior aproximação com as unidades para ampliar laços de cooperação entre as coordenações de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, potencializando os projetos de cada unidade através do diálogo e conhecimento mútuos”, avaliou Patrícia Canto.

 
Durante a oficina, Islândia Carvalho expôs um resumo de atividades desenvolvidas pelo ObservaPICS. Em pouco mais de quatro anos de existência do Observatório, “identificamos os grupos de pesquisa de universidades brasileiras dedicados a estudos sobre PICS certificados pelo CNPq e participamos de pesquisas nacionais”, relatou.

Nesse período, o ObservaPICS produziu e compartilhou informações seguras sobre o uso bem-sucedido das práticas no SUS e evidências científicas de terapias integrativas e complementares, buscando auxiliar gestores, trabalhadores e usuários do sistema. “Estamos estudando e discutindo o uso da fitoterapia e as farmácias vivas, além de apoiar o planejamento e monitoramento da política nacional (PNPIC) nos estados, acompanhando também a articulação entre os saberes tradicionais indígenas e o sistema de saúde”, listou.

REPOSITÓRIO DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Para 2023, o Observatório manterá o debate sobre evidências práticas e científicas em torno das PICS e medicinas tradicionais no Brasil e Américas. Entre as metas, estão avançar na parceria com gestores da saúde, aproximando esse público dos produtores de ciência e das comunidades, promover maior integração entre as iniciativas de bem-estar e terapias integrativas desenvolvidas internamente na Fiocruz. Desde janeiro pesquisadores de diferentes unidades da Fundação passaram a reforçar a equipe de consultores do ObservaPICS, para atuação técnica, produção e compartilhamento de informações.

Os produtos do ObservaPICS, dentre os quais relatórios, mapas, livros e informativos em texto e audiovisuais (podcast e vídeos) gerados em parceria com outras instituições, como a Opas/OMS, grupos de pesquisa e extensão das Universidade de Campinas (Unicamp-SP) e das Federais de Santa Catarina (UFSC), Rio Grande do Sul (UFRGS), Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro (UFRJ)  e de Uberlândia (UFU-MG), da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Pernambuco, Icict/Fiocruz e Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Unifase-RJ) foram apresentados a Hermano Castro, às coordenadoras Patrícia Canto, da área de Atenção à Saúde, e Adriana Castro, de Promoção à Saúde, como também à coordenadora de Ambiente da Fiocruz Pernambuco, Idê Gurgel, que visitaram a sala do projeto, na Fiocruz, no Recife.

Ações em parceria com pesquisadores de outras instituições de ensino superior e documentos do Observatório, incluindo base de dados de levantamentos e pesquisas, são divulgados por meio de site próprio e  de perfis em redes sociais, além de estarem disponíveis no Repositório Arca Dados da Fiocruz. A cada quadrimestre a equipe publica uma nova edição do Boletim Evidências, voltado à comunidade SUS com conteúdos sobre evidências científicas, relatos de experiências no sistema, formação e exercício profissional em PICS, reflexões acerca da temática e colaborações abordando o conhecimento tradicional indígena. O 12º número do informativo está renovado, com diversidade de temas e formato.