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Presidente da Fiocruz abre fórum internacional de tecnologia e inovação social 


20/07/2022

Agência Fiocruz de Notícias e Fiocruz Bahia

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Um convite para um grande debate sobre o que são tecnologias sociais e como elas podem ser implementadas. Foi assim o primeiro dia do I Fórum Internacional de Tecnologia e Inovação Social para as Pessoas e o Planeta, que começou na terça-feira (19/7) em Salvador e vai até esta quinta-feira (21/7). O evento, que é híbrido, reúne representantes da Fiocruz, de movimentos da sociedade civil e instituições, como as Nações Unidas (ONU), o governo de Portugal e a União Europeia para uma discussão em torno de iniciativas inovadoras e de conceitos e práticas de tecnologia e inovação social no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). A organização do fórum é da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), do Atlantic International Research Centre (Air Centre) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura no Brasil (FAO Brasil), com patrocínio da Fundação de Apoio à Fiocruz (Fiotec). 

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, disse que "mudança não vem da noite para o dia, existe tradição, mas existe também recriação que nos faz pensar diferente alguns problemas, na relação da academia e das políticas públicas com movimentos sociais e lideranças indígenas" (Foto: Divulgação)

 

A mesa de abertura de terça-feira foi composta por diversos representantes das instituições organizadoras e parceiras, após apresentação do Grupo de Cordas Dedilhadas do Neijoiba. A presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, e o coordenador do fórum e da EFA 2030, Paulo Gadelha, representaram a Fundação. “Falamos na mesa de pobreza, fome, desigualdades, mudanças climáticas, guerra, falamos sobretudo de cenários de insegurança frente ao alcance dos ODS e incertezas”, apontou a presidente da Fiocruz em sua fala. “Mas falamos também de resiliência, aliança para construção de agenda positiva em torno dos ODS, sustentabilidade, diplomacia da ciência e da saúde, juventude, movimentos sociais, aprendizados. Falamos, portanto, de esperança”. Essa esperança, segundo Nísia, está presente no evento em perspectivas diversas, a partir da academia, de movimentos sociais, da sociedade civil. A presidente da Fiocruz assinalou ainda que, no cenário de crise atual, “é o vigor da construção coletiva de uma agenda de encontro como esse fórum que nos dá esse ânimo”.

Também na mesa de abertura, Paulo Gadelha afirmou que um sentimento de urgência reuniu todos os presentes no fórum: “O enfrentamento de uma crise planetária, um modelo de desenvolvimento iníquo, que se agravou com a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, são alguns dos desafios que nos colocam em uma encruzilhada”, disse. “Precisamos usar todo nosso entendimento para a constituição de soluções”. Gadelha diz ser preciso dar um salto para aquilo que se coloca como necessidade: construir ecologia de saberes, processos compartilhados de desenho e implementação de ações, e inovar de forma radical a maneira como se estabelece a relação entre governos e movimentos sociais, em um nível nacional e global. “Esperamos que no evento se possa formar uma rede permanente para que o tema da tecnologia social ganhe o protagonismo necessário para a Agenda 2030”.

É possível falar em revolução democrática?

No mesmo dia, a presidente Nísia foi a palestrante da seção Estado da arte e tecnologias sociais para a saúde, mediada pela diretora do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Marilda Gonçalves. A palestra teve comentários de Xiaolan Fu, do Centro de Tecnologia e Gestão para o Desenvolvimento da Universidade de Oxford, Adélia Maria Carvalho, secretária de Saúde da Bahia, e Naomar de Almeida Filho, da Universidade Federal da Bahia. Em sua apresentação, cujo título era Tecnologia social, saúde e inovação: é possível falar em revolução democrática?, Nísia disse observar em muitas iniciativas uma agenda de alargamento de direitos, inclusive novos direitos, como os coletivos, de acesso à ciência e ao meio-ambiente.

“Como transformar isso em potência democrática? As várias experiências reveladas trazem a questão de escala, como sair de um território específico, como transformar muitas ações em políticas públicas?”, questiona. “São perguntas que permanecerão, sem pretensão de respondê-las”. Um dos exemplos apresentados por Nísia foi o projeto Vacina Maré, desenvolvido junto à população do complexo de favelas para a imunização contra o Covid-19. “Um produto de alta tecnologia, como vacina, é apropriada em uma relação de pesquisa, participação comunitária de forma extremamente rica”.

Por fim, a presidente apontou para a existência de uma grande potência, nos meios urbano e rural. “Mudança não vem da noite para o dia, existe tradição, mas existe também recriação que nos faz pensar diferente alguns problemas, na relação da academia e das políticas públicas com movimentos sociais e lideranças indígenas. Não sei se há revolução, mas há potência democrática em curso. A trajetória, mais que ascendente, precisa ser constante para que potência possa, de fato, significar uma revolução democrática”.

Na última mesa do dia, Exemplos de tecnologia e inovações sociais para a Saúde, foi debatido como instituições acadêmicas e da sociedade civil podem atuar para desenvolver ferramentas, ações e estudos em prol da saúde pública.  Entre os participantes estavam o presidente da Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu, Raimundo Nonato da Silva; a diretora fundadora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva; o coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Mauricio Barreto; e o administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, de Portugal, Rui Oliveira. A coordenação foi do chefe de Gabinete da Presidência da Fiocruz, Valcler Fernandes. 

“São abordagens complementares”, afirmou Barreto, referindo-se ao que foi apresentado na mesa. Ele apontou como “usar bem os dados que a sociedade produz” pode gerar conhecimento científico inovador, como ocorreu com o projeto Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, no qual a análise de dados utilizados pela administração pública, como as informações do Cadastro Único e o Sistema de Mortalidade, identificou, por exemplo, que a mortalidade em crianças menores de 5 anos nascidas de mãe indígena é três vezes maior do que os de uma mãe branca. O primeiro dia do fórum contou ainda com palestras, apresentação de conceitos sobre tecnologia social e, ao fim do dia, um momento para discussões finais.  

Programação

Até esta quinta-feira (21/7), serão realizadas ainda outras mesas e longa programação. Confira a programação do I Fórum Internacional de Tecnologia e Inovação Social para as Pessoas e o Planeta. Ao final do fórum será aprovada a Carta de Salvador para constituição da Rede de Apoio à Tecnologia Social para as Pessoas e o Planeta.

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