A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa e de evolução crônica, que afeta os nervos e a pele. Também conhecida como lepra ou mal de Lázaro, é causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. Associada a desigualdades sociais, afetando principalmente as regiões mais carentes do mundo, a doença é transmitida através das vias aéreas (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro) de pacientes com a forma infectante da doença que não receberam tratamento.
Os principais sintomas da hanseníase são parestesias (dormências), dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; presença de lesões de pele, como caroços e placas pelo corpo, com alteração da sensibilidade; e diminuição da força muscular.
As lesões de pele provocadas pela hanseníase são bem características. O diagnóstico é baseado em critérios clínicos e epidemiológicos. Para confirmação da doença, é feita uma baciloscopia, um exame que identifica as bactérias presentes na região. Também pode ser realizado um exame histopatológico, ou seja, um estudo dos tecidos do organismo ao microscópio do material retirado da lesão.
A hanseníase não pode ser totalmente prevenida. Para suas formas mais disseminadas, é aplicada a vacina BCG, que é dada aos contatos mais próximos do paciente de forma a evitar que se infectem. Na suspeita da doença, é preciso procurar atendimento em uma unidade de saúde o mais rápido possível. O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos é fundamental, pois evita a evolução da enfermidade para as incapacidades e deformidades físicas que dela podem surgir, além da contaminação de mais pessoas.
Todos os casos de hanseníase têm tratamento e cura. Para tratar o paciente, é feita uma associação de três antibióticos (rifampicina, dapsona e clofazimina), usados de forma padronizada. Existem dois tipos de tratamento: um tem duração de seis meses, e é direcionado a pacientes que estão infectados, mas não contaminam outras pessoas. O outro tem duração de 12 meses e é voltado a pacientes que podem infectar outros indivíduos. As lesões de pele podem desaparecer logo no início, mas isso não quer dizer que o paciente esteja curado, por isso a importância de se respeitar o tempo de tratamento e tomar a medicação corretamente. O paciente pode ser tratado gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. A forma de eliminação do bacilo pelo doente são as vias aéreas superiores (por meio do espirro ou tosse), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Também é necessário um contato próximo e prolongado.
O paciente que está sendo tratado deixa de transmitir a doença, cujo período de incubação pode levar de três a cinco anos. A maioria das pessoas que entram em contato com estes bacilos não desenvolve a enfermidade.
O Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) atua na geração de conhecimentos sobre a hanseníase e outras microbacterioses, promovendo a integração entre as áreas de pesquisa e assistência. O Laboratório está inserido no Programa Nacional de Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde e é responsável pelo Ambulatório Souza Araújo, prestando atividades de referência para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Dedica-se à expansão da pesquisa clínica e epidemiológica em hanseníase, com foco na identificação de fatores de risco de adoecimento, na avaliação dos esquemas terapêuticos e da presença de mutações relacionadas à resistência aos medicamentos utilizados no tratamento. Além disso, atua na investigação clínica das lesões neurológicas nos mecanismos patogênicos da neuropatia periférica da hanseníase.