04/08/2020
Por: Simone Kabarite
No último dia 31, a organização The Global Health Network realizou o webinar “Compreendendo as dimensões de gênero da COVID-19”, com a participação de pesquisadoras do Brasil, do Reino Unido e do Canadá. O evento abordou como as pandemias, incluindo a COVID-19, não são neutras em termos de gênero e como afetam de formas diferentes homens, mulheres, e pessoas de outros gêneros. A Pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Minas, Denise Nacif Pimenta, apresentou dados sobre as questões de gênero no contexto da pandemia de Covid-19 no Brasil.
Denise destacou como os países da América Latina são historicamente desiguais e como a pandemia no Brasil, cujo número de mortos ultrapassou 91 mil, afeta de forma desproporcional mulheres de acordo com a raça, a classe social e a etnia. A pesquisadora contextualizou a situação do país, que lidera o número de mortes de mulheres grávidas, principalmente negras, e sofre pela falta de medidas de suporte do Estado. Também citou o veto do governo federal a projetos sociais, como o que previa o pagamento prioritário do auxílio emergencial a mulheres chefes de família e o de proteção à população indígena, bem como dados sobre o aumento da violência doméstica no Brasil durante a pandemia. A pesquisadora falou sobre o trabalho interdisciplinar de emergências em saúde da Fiocruz junto a mulheres, a populações indígena e marginalizada. Denise destacou o Observatório Covid-19, que reúne as ações desenvolvidas pela instituição para o enfretamento das desigualdades e da pandemia do novo coronavírus.
A professora assistente de Política de Saúde Global, London School of Economics, Clare Wenham, destacou que há um pressuposto de que é normal as mulheres acumularem a maior parte da carga do trabalhos domésticos. Segundo ela, dados de pesquisa local sobre bem-estar durante a pandemia afirmam que um terço das mulheres (36%) declararam estar mais ansiosas, enquanto apenas um quarto dos homens. Já as mulheres com filhos são um número ainda maior (46%), contra 36% dos pais. Clare afirmou que após o surgimento do Ebola, 63% dos homens que perderam emprego, após 13 meses, já tinham voltado ao mercado de trabalho, enquanto apenas 17% das mulheres voltaram a trabalhar.
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