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Sessão nobre do IFF apresenta ações de capacitação multidisciplinares


08/07/2019

Por: Everton Lima (IFF/Fiocruz)

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O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) realizou, em 27/6, mais uma Sessão Nobre. A abertura do evento, com o tema IFF como Instituto Nacional: experiências de construção de redes e capacitação de profissionais para o cuidado de crianças expostas às infecções congênitas zika e storch, foi feita pelo diretor do Centro de Estudos Olinto de Oliveira (CEOO) e gestor da Área de Atenção Clínica à Criança e ao Adolescente do IFF/Fiocruz, Antônio Meirelles. “Hoje, esse espaço nobre será da fisioterapia motora, que mostrará o trabalho maravilhoso que é feito, de forma multiprofissional, inclusive com disseminação para a rede cumprindo a nossa missão como Instituto Nacional”, disse.

A seguir, a coordenadora de Desenvolvimento Institucional do IFF/Fiocruz, Maria Auxiliadora Mendes Gomes, falou sobre a retomada da Sessão Nobre. “Esse espaço mensal é partilhado entre as áreas, onde podemos reforçar os nossos valores de além de cuidar localmente dos pacientes e suas famílias, ter a responsabilidade de pensar e atuar nacionalmente. Nossa equipe que atua na promoção e atenção ao neurodesenvolvimento é um exemplo disso, pois tem pensado em soluções clínicas e de organização do cuidado em rede, com uma trajetória regional e nacional importante. Assim, iniciamos hoje no contexto das Sessões Nobres, apresentações que registram nossas experiências como Instituto Nacional”.

Dando início ao debate, a fisioterapeuta neurofuncional do IFF/Fiocruz Carla Trevisan explicou que a construção de rede e capacitação dos profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma iniciativa que começou com a equipe de Fisioterapia Motora do Instituto, mas que hoje é compartilhada com outras especialidades que são fundamentais. Como questões iniciais para a implantação do projeto, Carla listou a dificuldade para encaminhar as crianças do ambulatório do instituto, dificuldade de aceitarem as crianças do IFF/Fiocruz na rede e o desconhecimento da rede de atendimento. Devido a isso, foi desenvolvido, entre 2013 e 2015, um Estudo da Assistência Fisioterapêutica Pediátrica no Estado do Rio de Janeiro e Proposta de Capacitação, que foi uma pesquisa da equipe da Fisioterapia Neurofuncional, tendo como objetivo mapear os locais de atendimento do Estado do Rio de Janeiro e conhecer os serviços e seus profissionais. Na oportunidade, foram visitadas 44 instituições, em 17 municípios, e não foram identificados locais de atendimentos de fisioterapia nos municípios de Magé, Belford Roxo e São João de Meriti.

A fisioterapeuta comentou que, nessa etapa, foram entrevistados 75 fisioterapeutas e somente metade, praticamente, participaram de algum tipo de evento no último ano para sua atualização ou capacitação profissional. Os motivos relatados para a não realização de cursos ou eventos para atualização das práticas clínicas, foram: alto custo dos cursos disponíveis, falta de tempo e investimento por parte das prefeituras, distância do seu município de trabalho e falta de divulgação de cursos e eventos, além do desconhecimento da rede de atendimento. “A partir disso, fomos buscar parceiros e pensar em como nos aproximar da rede. Então, em paralelo à pesquisa, desenvolvemos o Curso de Capacitação: Fisioterapia Neurofuncional, que já teve 14 fisioterapeutas capacitados. Após a pesquisa de mapeamento de rede identificamos a necessidade de mudança estrutural do curso para que alcançasse o maior número de pessoas em mais localidades”, afirmou.

Nesse contexto, Carla frisou que o surto da infecção congênita pelo vírus zika marcou a primeira oportunidade de aproximação com a atenção básica e o estabelecimento de parcerias no IFF/Fiocruz, com as especialidades de fonoaudiologia e terapia ocupacional. Assim, a equipe de Fisioterapia Neurofuncional do Instituto foi convidada para capacitar um grupo de 15 fisioterapeutas do SUS na Baixada Litorânea do Rio de Janeiro e posteriormente realizar o primeiro curso multiprofissional sobre desenvolvimento e estimulação precoce para uma equipe de reabilitação de Belford Roxo. Esse trabalho resultou em uma aproximação com a sociedade civil, através do Movimento Zika, e no auxílio para a construção de dois manuais: Guia de estimulação para crianças com síndrome do vírus zika e Três vivas para o bebê! Guia para mães e pais de crianças com microcefalia.

Todas essas ações estreitaram a relação do Instituto com a Superintendência de Atenção Básica do Estado do Rio de Janeiro (SAB/RJ). A fisioterapeuta informou que a colaboração originou o Plano de enfretamento e fortalecimento das ações de cuidado das crianças suspeitas ou confirmadas por SCZ e Storch do Estado do Rio de Janeiro. Em seguida, no final de 2018, foi iniciado o Curso de Capacitação Multiprofissional, com ênfase na estimulação precoce e continuada, que prevê a realização de 15 cursos em todo o Estado do Rio de Janeiro, e a capacitação para o SUS de 535 profissionais das áreas de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. Até o momento já foram realizados oito cursos e 234 profissionais capacitados. “Estamos aproveitando os cursos para conhecer os profissionais e a rede, porque queremos ajudar no mapeamento dos serviços para fazer uma devolutiva para a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Porém, nada disso seria possível sem o trabalho em equipe, nesta parceria entre Fisioterapia Motora, Fonoaudiologia Hospitalar e de Linguagem e a Terapia Ocupacional”, elogiou ela.

Curso de capacitação profissional de saúde modalidade EAD

Na sequência, a fisioterapeuta neurofuncional do IFF/Fiocruz Miriam Calheiros apresentou o Curso de Educação à Distância (EAD) para atenção básica, que possibilitou o início da parceria multiprofissional com as especialidades de Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional do Instituto. O curso é realizado através da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS) , denominado Atenção integral às crianças com alterações no crescimento e desenvolvimento relacionadas à infecção pelo vírus Zika e Storch. Com carga horária de 30 horas, o curso possui como público-alvo os profissionais de saúde que atuam na atenção primária ou Estratégia Saúde da Família (ESF). “O curso, prioritariamente para médicos e enfermeiros, está previsto até setembro de 2019 e já conta com mais de 4300 alunos matriculados”, comemorou ela.

Programa Juntos

Outra iniciativa de capacitação desenvolvida no IFF/Fiocruz é o Programa Juntos, que foi criado em 2017, sendo voltado para o empoderamento das famílias que possuem crianças expostas às infecções congênitas zika e storch. Com foco no cuidado integral às crianças, foi desenvolvido a partir de uma pesquisa, fruto da parceria entre a London School e o Instituto. Como pesquisa, passou por etapas, como a realização de workshop, montagem das equipes de trabalho e construção da metodologia. Já na fase do projeto, foram feitos seis grupos, com capacitação de 46 famílias, na qual foi produzido um manual considerando as questões relacionadas à doença e ao desenvolvimento das crianças. “Os próximos passos são a disseminação do programa e o curso de capacitação para novos facilitadores, além do lançamento de um aplicativo com orientações que será voltado para as famílias e profissionais”, concluiu ela.

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