27/04/2020
Fonte: Fiocruz Brasília
Violência doméstica e familiar e serviços que atuam junto com a população em situação de rua: estes são os temas das duas novas cartilhas da série Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19, elaboradas por pesquisadores colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz), sob coordenação de Débora Noal e Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília. Acesse abaixo os novos documentos:
Violência doméstica e familiar
“Em situações de pandemia, como a de Covid-19, os indicadores de países como China, Espanha e Brasil evidenciam que os casos de violência já existentes se agravam e, ao mesmo tempo, emergem novos casos. Na China, os números da violência doméstica triplicaram; no Brasil, estima-se que as denúncias tenham aumentado em até 50%”, afirmam os autores. “O objetivo desta cartilha é oferecer subsídio aos profissionais da rede de proteção e cuidado às pessoas em situação de violência, bem como aos gestores e a todos os envolvidos na resposta à Covid-19, reforçando as ações voltadas às pessoas em situação de violência doméstica e familiar durante a crise”, destacam.
A cartilha reúne uma série de informações e orientações para o cuidado de crianças e adolescentes, mulheres e idosos em situação de violência. O documento aborda também o problema da violência contra si mesmo. “As mesmas medidas de distanciamento social que podem desacelerar a contaminação pelo novo coronavírus também podem aumentar as taxas de tentativas de suicídio”, lembram os autores.
A cartilha destaca, ainda, os cuidados que devem ser dirigidos a trabalhadores e trabalhadoras da saúde e cuidadores domiciliares. “Profissionais de saúde e cuidadores domiciliares precisam de cuidados específicos durante a pandemia, como, por exemplo, um espaço para o atendimento e acolhimento de suas emoções”, dizem os autores. “Ressalta-se a importância de garantir os cuidados de biossegurança, horas de descanso, pausas durante plantões, remanejamento de equipes nas áreas de maior risco, suporte emocional tanto a trabalhadores quanto a suas famílias e garantia de direitos trabalhistas”.
“A articulação entre os diversos setores, com foco na construção de ações resolutivas para a população em situação de rua, é uma premissa fundamental para a condução das ações frente à pandemia. São considerados atores estratégicos para organização das ações emergenciais da Covid-19 para a população em situação de rua: Saúde, Assistência Social e Sociedade Civil, podendo também contar com a Segurança Pública e Órgãos de Garantias de Direitos”, afirmam os autores. A cartilha propõe ações coordenadas e intersetoriais, e aborda a proteção dos trabalhadores, o acolhimento institucional, a construção de planos de ações e o uso de informação sistematizada.
Traz também orientações para a ação das equipes na Saúde – Consultório na Rua, Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), Estratégia Saúde da Família (ESF) e Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) – e na Assistência Social – Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POP), Serviços de Acolhimento Institucional, Equipes de Abordagem Social e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas). O leitor encontrará, ainda, orientações para a ação da sociedade civil, bem como telefones e sites para informações adicionais.
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