16/08/2020
Por João Boueri*
Criada em 2016, a Agenda Laranja do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), coordenada pela pesquisadora Drª Corina Mendes e pelo pesquisador Dr Marcos Nascimento, tem por objetivo construir atividades voltadas para a troca de informações e reflexões sobre gênero, saúde, sexualidade e iniquidades sociais, a partir do marco dos Direitos Humanos com o propósito de contribuir para o enfrentamento e o fim da violência contra mulheres e meninas. Em 2020, ano em que completa quatro anos de existência, a Agenda, em virtude da pandemia do novo coronavírus, está sendo readequada para encontros em formato digital organizados por adolescentes e jovens meninas.
A primeira sessão virtual já tem data definida. De volta a fevereiro: minha cientista favorita será no próximo sábado, dia 22 de agosto, às 15 horas, em parceria com o grupo Motirõ, formado por alunas que participaram das atividades em alusão ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência de 2020, promovido pela vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, dentro das comemorações de seus 120 anos, no âmbito do programa Mulheres e Meninas na Ciência. O evento também contará com a presença de pesquisadoras da Fundação. Para esses encontros especiais, será adotado o nome Agenda Laranja Mais Meninas. Não é necessário fazer inscrição para participar. A transmissão será realizada no canal do Youtube da Agenda.
Em conversa remota realizada com a página especial Mulheres e Meninas na Ciência, a professora Corina Mendes falou sobre o histórico da Agenda Laranja e os desafios que a atual conjuntura impõe à iniciativa. Confira a entrevista:
Como a Agenda Laranja foi pensada dentro do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)?
O projeto começou há quatro anos atrás. A cor laranja é utilizada na Campanha Anual 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, com início no dia 25 de novembro. Por uma sinergia feliz de ideias, no mesmo ano da criação da Agenda Laranja, a ONU propôs que todo dia 25 de cada mês fosse pautado no combate à violência de gênero. O IFF possui uma trajetória de trabalhos voltados para atenção às crianças e mulheres em situação de violência, principalmente dentro do Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher (PPGSCM), que completou 30 anos em 2018, assim como no apoio aos profissionais envolvidos com essas questões em seus cotidianos. A pediatra Drª Rachel Niskier foi uma das precursoras nesse trabalho contínuo de reflexão sobre saúde dos adolescentes, que em conjunto com outros profissionais do IFF, dentre eles a pesquisadora Drª Suely Deslandes, criou o Núcleo de Apoio aos Profissionais (NAP). Além de todo esse contexto, eu e Marcos temos trajetórias vinculadas a pauta da violência aos direitos sexuais, reprodutivos e humanos de mulheres. Nasce, então, a Agenda Laranja. O nome da nossa iniciativa tem se mostrado acertado em termos de agregar expectativas, propostas e afetos.
Agenda Laranja - Setembro/2018
Desde a 1ª sessão da Agenda Laranja, qual foi o progresso da iniciativa até chegar em 2020?
Nós tivemos um batismo privilegiado. O primeiro encontro da Agenda contou com a participação da ex-secretária Especial de Políticas para as Mulheres Nilcéa Freire, que faleceu em dezembro de 2019. A Agenda Laranja, a cada ano, vem se fortalecendo ao responder as demandas e o envolvimento de diferentes públicos. Em 2019, ano com o maior número de encontros presenciais no Centro de Estudos Olinto de Oliveira, no IFF, completamos 20 sessões. Tivemos a oportunidade de realizar dois encontros internacionais. No primeiro, contamos com a presença de Claudia Garcia-Moreno, coordenadora da área de violência contra as mulheres da Organização Mundial da Saúde e de Alessandra Guedes, então assessora regional da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. A 19ª sessão da Agenda Laranja com o tema De Cairo a Nairóbi foi especialmente importante para nós, pois foi logo depois da Cúpula de Nairóbi e recebemos a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado, Beatriz Galli, assessora de políticas e advocacy para América Latina do International Projects Assistance Services, Richarlls Martins, professor do Núcleo de Estudos e Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ, doutorando do PPGSCM e coordenador da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento e a professora Claudia Bonan do PPGSCM/IFF. Na última sessão de 2020, recebemos José Roberto Luna, especialista em Adolescência e Juventude do UNFPA de Nova York, que apresentou dados sobre o casamento infantil na América Latina e Caribe.
Diante do cenário atual, como está sendo o processo de construção da Agenda no formato digital para o segundo semestre de 2020?
Agora enfrentamos o desafio de readequar a Agenda para esse formato. As nossas atividades, pelo menos até o restante de 2020, serão virtuais. Buscamos a alternativa digital mais segura para continuar com a nossa proposta. Uma iniciativa é realizar sessões virtuais, a princípio mensais, do que chamamos Agenda Laranja Mais Meninas, organizada em conjunto com o grupo Motirõ. Também estamos com a expectativa de realizar uma atividade em novembro durante os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. No Brasil, entretanto, são 21 dias. Começa no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra e segue até o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
*Sob supervisão de Simone Kabarite
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