21/03/2025
Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)
Divulgado nesta quinta-feira (20/3), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra que 12 das 27 unidades federativas do país apresentaram incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em nível de alerta, risco ou alto risco, nas últimas duas semanas, com tendência de crescimento no longo prazo, até a Semana Epidemiológica (SE) 11, que abrange o período de 9 a 15 de março. Além disso, os estados do Amazonas, Goiás e Tocantins também apresentam incidência em nível de alerta, risco ou alto risco, porém, com tendência de estabilidade ou oscilação.
A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa Computação Científica da Fiocruz e do Boletim InfoGripe, aponta que a alta de SRAG em diversos estados das regiões Norte (Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Sergipe) é impulsionada em grande parte pelo crescimento de casos entre crianças de até dois anos. Segundo a especialista, esse aumento possivelmente está associado ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
“Contudo, apenas no Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul há dados laboratoriais suficientes para confirmar essa relação. Ainda nessas regiões, também se observa a manutenção do crescimento de SRAG entre crianças e adolescentes de dois a 14 anos, embora já haja sinais de desaceleração ou início de queda em alguns estados, como Mato Grosso, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Sergipe. No Acre, Goiás, Mato Grosso e Pará também há indícios de início de aumento de SRAG na população de jovens e adultos, porém ainda não é possível identificar o vírus responsável”, afirma.
Quanto aos casos de SRAG entre os idosos, verifica-se uma retomada do crescimento, com incidência em nível moderado em Roraima e Mato Grosso. Já em Tocantins, há indícios de desaceleração no crescimento de SRAG entre os idosos.
A análise ainda reforça que o vírus que tem afetado mais as crianças pequenas é o VSR, enquanto entre as crianças mais velhas, a maioria dos casos são decorrentes do rinovírus. Além disso, outros vírus, como o adenovírus e o metapneumovírus, também têm sido identificados, porém em menor quantidade. Em relação aos idosos das regiões Norte e Centro-Oeste, a incidência de SRAG permanece baixa na maioria dos estados. Apenas os estados de Mato Grosso e Roraima apresentam um sinal de retomada do crescimento de SRAG nessa faixa etária. “No entanto, ainda não há informações sobre qual vírus está contribuindo para esse aumento. Pode ser que seja a própria Covid-19 ou até mesmo influenza A”, pontua pesquisadora.
Para quem mora nas regiões Norte ou Centro-Oeste, a orientação é que utilizem máscaras em locais fechados e em postos de saúde. Em relação às crianças, o ideal é que evitem ir à escola caso apresentem sinais e sintomas de gripe ou resfriado. Além dessas recomendações, destaca Portella, é fundamental estar em dia com a vacinação contra a Covid-19, principalmente as pessoas dos grupos mais vulneráveis.
Situação nacional
Em nível nacional, o cenário atual sugere que os casos notificados de SRAG apresentam aumento na tendência de longo prazo e estabilização da tendência de curto prazo. Referente ao ano epidemiológico 2025, já foram notificados 21.498 casos de SRAG, sendo 7.799 (36,3%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 9.884 (46%) negativos, cerca 2.264 (10,5%) aguardando resultado laboratorial.
Entre os casos positivos do ano corrente, observou-se 5,8% de influenza A, 2,1% de influenza B, 19,6% de vírus sincicial respiratório, 27,8% de Rinovírus, e 39,8% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 4,8% de influenza A, 1,1% de influenza B, 30,5% de vírus sincicial respiratório, 36,5% de rinovírus, e 26,5% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
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