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Seminário discute os desafios para inclusão social de crianças com deficiência

Thaís Dias, Martha Cristina Nunes Moreira e Maria de Fátima Junqueira-Marinho

04/12/2019

Por: Everton Lima (IFF/Fiocruz)

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O 3º Seminário de Residência Multiprofissional foi realizado, em 19/11, no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Com o tema Crianças e Deficiência: Desafios Cotidianos Para Inclusão Social, a proposta do evento foi reforçar que a atenção à saúde deve ser interdisciplinar e horizontal, onde todos os atores devem ter voz. A mesa de abertura foi iniciada por um paciente de osteogênese imperfeita do IFF que atualmente está com 12 anos de idade e é acompanhado no instituto desde os três anos. O paciente relatou a dificuldade com os meios de transporte devido a cadeira de rodas e agradeceu aos residentes pelo convite.

Com a palavra, a psicóloga do IFF Maria de Fátima Junqueira-Marinho elogiou a organização do seminário e o trabalho coletivo dos residentes. Já a coordenadora de Ensino do IFF, Martha Cristina Nunes Moreira, frisou a importância da família no cuidado à saúde. “É muito bom contar com a família quando pensamos que o cuidado à saúde é mais do que olhar simplesmente para a doença que as pessoas têm, mas sim como as relações vão se construindo para fazer com que esse cuidado seja o mais intenso possível. As dificuldades existem, mas precisamos enfrentar discursos que vão nos colocar fora da nossa potência”, afirmou ela. Para encerrar a mesa de abertura, a assistente social residente do IFF Thaís Dias explicou que o intuito do evento era de compartilhar conhecimentos e experiências sobre o tema. “Enquanto profissionais comprometidos com a defesa de uma saúde integral, considerando os demais fatores que influenciam no cuidado, nos cabe o conhecimento e a defesa dos direitos que viabilizam o acesso dessas crianças a espaços e atividades. Vamos nos unir porque a luta é coletiva!”, alegou ela.

Na sequência, o superintendente estadual de Políticas Públicas para Pessoa com Deficiência e um dos idealizadores do projeto Praia Para Todos, Fabio Fernandes realizou uma conferência em que contou sua história. Fabio dormiu no volante voltando de um show de madrugada, em 1999, e sofreu um grave acidente automobilístico. “Primeiro acharam que eu ia morrer, depois que ia vegetar em cima de uma cama, há 20 anos esse era o diagnóstico. Nesse momento pensei, o que eu vou fazer da minha vida? Passei por diversas dificuldades, mas busquei fazer a diferença e hoje sou o fruto da profissão de vocês. A fisioterapia me reabilitou e a educação física me condicionou”, refletiu ele, que completou. “Todo mundo tem uma missão e precisamos identificar a nossa. Eu sou apaixonado pela missão de vocês e grato a todos os profissionais de saúde que passaram pela minha vida”, declarou ele.

Agora reabilitado, Fabio se tornou um defensor das causas de pessoas com deficiência. Nesse contexto surgiu, em 2010, o Projeto Praia Para Todos, que visa disseminar os conceitos de acessibilidade e inclusão, e recebe pessoas com qualquer deficiência. A iniciativa, que já atendeu mais de 32 mil pessoas até a última edição, funciona no posto 3 da Barra da Tijuca e entre os postos 5 e 6 de Copacabana, durante os finais de semana de dezembro a abril, de 9h às 14h. “Temos profissionais de educação física, fisioterapia, terapia ocupacional, psicólogos e enfermeiros, além de estagiários dessas mesmas áreas, e voluntários, a partir de 18 anos, que desejam participar do projeto”, explicou ele, que orientou os interessados. “Basta chegar nos locais informados e fazer um cadastro. Com os dados gerados analisamos, de acordo com a Lei nº 13.146, de que forma o poder público pode atuar diante da sociedade. Precisamos falar sobre acessibilidade, inclusão e brigar por isso. E vocês, como profissionais de saúde, quando começam a trabalhar com a pessoa com deficiência, começam a notar a carência dos espaços e das atitudes”, observou ele.

Fabio, que é o primeiro tetraplégico do mundo a saltar de paraquedas sozinho, finalizou mostrando o salto realizado em Cabo Frio, município localizado na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. “Nunca desistam dos seus sonhos, depois de cinco anos treinando, fazendo fisioterapia, musculação e acompanhando a alimentação, eu consegui realizar o meu”, concluiu ele.

Um dos destaques do seminário, que também abordou os temas Educação e Mobilidade e Iniciativas de Inclusão Social, foi a apresentação do grupo de reabilitação da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) com o Projeto Dançarte, em que a dança é realizada de forma integrada, interdisciplinar e inclusiva, com pessoas com e sem deficiência.

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