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Pesquisadores da Fiocruz Bahia apontam crescente carga da leptospirose no mundo


21/09/2015

Fonte: CPqGM / Fiocruz Bahia

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Um novo estudo internacional liderado pela Fiocruz Bahia concluiu que a carga global da leptospirose é muito maior do que se estimava, ao ponto de provocar mais de um milhão de novas infecções e cerca de 59 mil mortes por ano. A pesquisa, conduzida por Federico Costa, Jose Hagan, Juan Calcagno, Michael Kane, Paul Torgerson, Martha Martinez, Claudia Stain, Bernadette Abela-Ridder e Albert Ko, abarcou uma revisão sistemática dos artigos de morbidade e mortalidade publicados, tendo os autores desenvolvido um modelo de doença para gerar, pela primeira vez, uma estimativa mundial do seu custo humano. Os resultados estão publicados na edição atual da PLoS Neglected Tropical Diseases.

O projeto contou com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz Bahia e Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, além de parceiros internacionais provenientes de instituições como Yale School of Public Health, University of Zurich e Organização Mundial de Saúde.

As conclusões do artigo baseiam-se no know-how dos pesquisadores, que dedicaram anos de estudo em comunidades carentes urbanas do Brasil. Ao analisar os estudos realizados em todo o mundo, eles identificaram um importante problema de saúde causado por esta doença, que tem sido negligenciada justamente porque ocorre nos segmentos mais pobres da população mundial. Vale ressaltar que a enfermidade pode ser mortal. "No momento, não há medidas de controle efetivas para leptospirose. Isto porque não havia estimativas confiáveis e conclusivas e a leptospirose permaneceu como doença tropical negligenciada".

Doença negligenciada

Os pesquisadores afirmam que, embora a leptospirose seja relativamente desconhecida no mundo desenvolvido, é um flagelo crescente em ambientes pobres em toda a América Latina, África, Ásia e regiões insulares. As bactérias que causam a doença são espalhadas através da urina de ratos e outros mamíferos. O patógeno sobrevive na água e no solo e infecta seres humanos por contato através de escoriações da pele.

Os achados fazem da leptospirose uma das principais causas zoonóticas de morbidade e mortalidade no mundo e isto é um chamado à ação. "Acreditamos que esse estudo traz a evidência necessária para subsidiar políticas nacionais e internacionais de prevenção da doença, tais como o desenvolvimento de novas vacinas e melhorias das condições ambientais e sociais que levam a sua transmissão", asseguram.

A leptospirose é grave e tem emergido como uma importante causa de hemorragia pulmonar e insuficiência renal aguda nos países em desenvolvimento. A morte ocorre em 10% dos pacientes e até 70% podem desenvolver formas hemorrágicas da doença. No trabalho, os pesquisadores apontam ainda que é provável que estes números recentes ainda estejam subestimados, uma vez que os pacientes com leptospirose são frequentemente diagnosticados erroneamente, pois os sintomas podem ser confundidos com malária, dengue ou outras doenças. Eles alertam para o fato de a doença não possuir um teste de diagnóstico adequado.

Estima-se que a população de favela do mundo vai dobrar para dois bilhões de pessoas em 2030. Por tanto, disseram os pesquisadores, a incidência da doença pode ser pior nas próximas décadas, agravada pela mudança climática global e a rápida urbanização. Esgotos e saneamento inadequados, juntamente com eventos climáticos extremos e intensas chuvas sazonais, propiciam grandes epidemias nas comunidades urbanas.

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