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Fiocruz Mata Atlântica marca presença no “Encontro Internacional de Territórios e Saberes” em Paraty/RJ


20/09/2024

Isis Breves (FMA/VPAAPS)

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Durante os dias 9 a 15 de setembro, foi realizado na cidade de Paraty/RJ o 1° Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS), fruto de uma parceria entre a Fiocruz, o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e o Colégio Pedro II (CPII). 

O encontro representou um marco histórico na articulação de saberes científicos e tradicionais para a promoção da saúde e do desenvolvimento sustentável. Foram dias intensos de debates, rodas de conversas, apresentações culturais, que tiveram como objetivo desenvolver uma proposta político-estratégica de incidência internacional, visando também posicionar as comunidades e povos tradicionais no centro das discussões climáticas globais, especialmente com vistas à COP 30, que será sediada no país em 2025. 

A Fiocruz Mata Atlântica não poderia deixar de contribuir com esse evento que assumiu papel relevante na “produção de projeto político para o enfrentamento das emergências climáticas em escala planetária, sabendo que as soluções são descentralizadas e que precisamos ocupar os espações políticos decisivos” (Trecho da Carta Final do EITS – que pode ser acessada em: www.otss.org.br.

Na mesa temática 3: Experiências em Territórios Sustentáveis e Saudáveis, que aconteceu no 4º dia do Encontro, o Coordenador de Saúde Urbana da Fiocruz Mata Atlântica e Coordenador do Programa Institucional de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (PITSS) da Fiocruz, Luís Madeira foi um dos convidados a introduzir e mediar a temática. Na ocasião, Madeira falou sobre as diversas experiências que historicamente a Fiocruz desenvolve na temática e, especificamente, sobre a experiência de assessoria técnica à habitação social no Setor 1 da Colônia Juliano Moreira, que inclusive está descrita no artigo “Promoção de territórios saudáveis: assessoria técnica à habitação social no Setor 1 da Colônia Juliano Moreira” publicada na revista Saúde em Debate, número especial que teve seu lançamento nesta atividade do EITS. “A Fiocruz Mata Atlântica busca verificar e identificar os fatores determinantes e os processos de determinação social da saúde, bem como a apropriação de princípios e estratégias de ação desse campo disciplinar”. 

O Direito à Cidade, a moradia e o habitat têm sido o pilar da assessoria técnica da experiência no processo de regularização fundiária das famílias do Setor 1 da Colônia Juliano Moreira buscando favorecer a população mais vulnerabilizada e promover saúde através de soluções positivas na qualidade de vida das famílias. Por exemplo, podemos citar a insegurança quanto à posse da terra e o acesso negado à moradia digna como um problema social estruturante, situação que se torna dramática para a população em situação de rua. As inadequações nas moradias representam um determinante social da saúde também importante, onde é comum a ausência de insolação, de ventilação, a presença de umidade e demais patologias de edificação que podem prejudicar as condições de saúde de seus moradores. 

No Setor 1 da CJM, a Fiocruz Mata Atlântica desenvolve uma proposta de uma assessoria técnica integrada e interdisciplinar no apoio aos processos de autoempreedimento pelos seus residentes buscando atuar de forma prioritária sobre as iniquidades em saúde com atenção aos grupos mais vulneráveis e expostos a desastres. (acesse o artigo na íntegra: https://www.saudeemdebate.org.br/sed/issue/view/70). 

Já na mesa temática 4: Saúde, agroecologia e territórios: aprendizados do projeto ARÁ, o Coordenador de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e Economia Solidária da Fiocruz Mata Atlântica, Robson Patrocínio participou da temática apresentando a experiência das sete vertentes da Floresta da Pedra Branca do projeto ARÁ, o qual a Fiocruz Mata Atlântica atua, que buscou promover a saúde e o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e das agriculturas tradicionais de povos e comunidades da cidade e do campo. A Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz coordenou o processo, com ações de integração da Agenda de Saúde e Agroecologia. “A promoção da soberania e da segurança alimentar e nutricional das famílias, a saúde das pessoas do território da Pedra Branca, construção social e de conhecimento, foi um legado do projeto ARÁ. Nesse território que a FMA atuou, foram instalados 30 sistemas de compostagem de cilindro, que contribuem para o aumento de adubo orgânico para os cultivos, com economia na compra de insumos externos, e para maior responsabilidade ambiental e redução das emissões de carbono, houve oficinas e mutirões para implantação do Sistema Alagado Construído, uma tecnologia social de gestão de efluentes domésticos e dos resíduos sólidos nos quintais para favorecer de 10 famílias às normas de conformidade do Sistema Participativo de Garantia (SPG), que atesta a qualidade orgânica dos alimentos por meio de um selo de certificação. Isso é apenas um resumo do que o ARÁ proporcionou nos territórios, além das trocas de experiências, de histórias de luta e resistência, resgate da cultura dos povos ancestrais e muito mais”, falou Robson Patrocínio.

A Fiocruz Mata Atlântica levou uma extensa equipe para participar das experiências e atividades do EITS, sob a coordenação de Andrea Vanini, Coordenadora Ajunta da FMA. “A FMA atua na restauração ecológica e produtiva do Bioma Atlântico e se configura em atividades que buscam a geração de renda nas cadeias da restauração (coleta de sementes, produção de mudas, plantio), implantação de agroflorestas, que são sistemas produtivos que geram renda, armazenem carbono, protegem nascentes e ampliam habitats para a biodiversidade, ao mesmo tempo em que promovem a saúde. Não há um povo saudável sem um território saudável! “, afirmou Andrea Vanini. 

“As populações tradicionais são as guardiãs de grandes áreas de florestas no país, e devido a sua luta essas áreas ainda estão conservadas, a despeito do constante ataque que sofrem. Sem essa simbiose de bioma e comunidades, o planeta estaria vivendo uma crise climática muito maior, e por ironia os povos que mais cuidam e conservam são os mais atingidos por eventos climáticos extremos, e por epidemias e pandemias.  O EITS demonstrou a força e a potência que os povos, por meio do Fórum de Comunidades Tracionais tem para lutar por nossos biomas e sua cultura”, finalizou Andrea Vanini. 

A Fiocruz Mata Atlântica segue parceira, apoiando e fazendo junto, para um mundo mais equânime, sustentável e saudável! Vida longa ao Fórum de Comunidades Tradicionais!

 

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