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Fiocruz e Ministério das Mulheres visitam territórios tradicionais  


27/05/2024

Angélica Almeida – Agenda de Saúde e Agroecologia/VPAAPS 

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O intercâmbio “Agriculturas Urbanas Agroecológicas e Cozinha das Tradições” foi realizado nos dias 18 e 19 de maio no Rio de Janeiro (RJ). A atividade buscou fortalecer a cooperação entre a Fiocruz e o Ministério das Mulheres, e contou com a presença de outras instituições. 

Estiveram no centro dos diálogos a valorização das culturas alimentares nos contextos tradicionais e periféricos, o protagonismo das mulheres, a saúde e o enfrentamento da fome.


Crédito: Douglas Lopes

O encontro foi promovido pela Agenda de Saúde e Agroecologia da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), que atua em diálogo com povos e comunidades tradicionais, com a agricultura familiar e movimentos sociais.

Quilombos e favelas foram visitados, permitindo a troca de conhecimentos a partir de experiências concretas. A pesquisadora Lorena Portela afirma que as vivências foram “demonstrativas do protagonismo das mulheres para a segurança alimentar e nutricional e preservação ambiental de seus territórios, a despeito dos desafios de um centro urbano disputado e desigual como o Rio de Janeiro”, destaca.

Cozinha de muitas tradições

Receitas e segredos de preparos guardados de geração em geração. A Cozinha das Tradições é uma proposta de valorização de práticas ancestrais, sobretudo de mulheres negras, quilombolas, indígenas, caiçaras, agricultoras urbanas, de terreiro e de favela.

A Cozinha une saberes populares e acadêmicos, e envolve mapeamento nos territórios para conhecer a riqueza alimentar dos povos. Assim, ela mantém viva a memória e as manifestações culturais brasileiras.


Crédito: Karine Freitas e Douglas Lopes

No intercâmbio, visitantes conheceram a Cozinha das Tradições na Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ESDI/UERJ), que esteve aberta ao público durante o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia.

O grupo Caxambu do Salgueiro, comunidade reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, recebeu a turma de visitantes com café da manhã preparado nos fornos e fogão de barro e com apresentação de tambor.

Pela tarde, houve almoço e visita ao Quilombo Cafundá Astrogilda, símbolo de resistência no maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Certificado pela Fundação Cultural Palmares em 2014, o quilombo sofreu histórica criminalização de suas práticas agrícolas pelo Estado, mas mantém viva a agroecologia e experiências de turismo de base comunitária.

A cozinheira Catarina Mesquita (Tati) abriu o quintal para o grupo, o espaço Cantinho do Sossego, onde foi oferecido um almoço. Ela compartilhou o amor pelo cultivo de plantas e pela cozinha, conectados à ancestralidade de sua mãe e da avó Dona Astrogilda, importante matriarcal que nomeia o território.

Assim como muitos outros locais, o Cantinho promove autonomia e segurança financeira para Tati e para outras famílias, com refeições preparadas com alimentos saudáveis cultivados no próprio quilombo.


Crédito: Karine Freitas e Douglas Lopes

Agricultura urbana agroecológica construída em rede

A visita à iniciativa de educação, saúde e agricultura Providência Agroecológica, no Morro da Providência, abriu o segundo dia de encontro.

Houve diálogo sobre a importância de o poder público garantir apoio às práticas de produção de alimentos e de vida mais digna nas cidades. Articulações da Fiocruz com o Governo foram citadas, bem como o trabalho do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro, que apoia projetos de organizações de favelas, boa parte deles com ações de agroecologia.

Também foram apresentados resultados de um projeto desenvolvido com seis redes de agricultura urbana do país.

O grupo de visitantes conheceu, ainda, a exposição fotográfica “Morro da Favela à Providência de Canudos”, de Maurício Hora, no espaço Zona Imaginária, na Gamboa.

Participaram do encontro, além dos representantes da Fiocruz, do Ministério das Mulheres e das comunidades mencionadas, a Associação Brasileira de Agroecologia, a UERJ, a Fundação Palmares e a iniciativa Fome de Tudo - parceira do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.


Crédito: Maurício Hora 

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