No vídeo, o professor e pesquisador da EPSJV/Fiocruz Augusto Cesar Rosito Ferreira fala do crescimento das práticas integrativas no SUS e seus marcos históricos, a recomendação da OMS, especialmente em países com dificuldade de acesso aos avanços de uma medicina que tem altos custos, e a criação de uma política nacional (PNPICS) em 2006. Aborda a diversidade das nomenclaturas (terapias naturais, alternativas, tradicionais, integrativas), mas sempre se referindo a um conjunto de práticas que se diferenciam da biomedicina. No nome oficial, a ideia de “complementares” como as práticas que vão complementar uma abordagem principal e “integrativas” no sentido de seriam aquelas usadas de forma integrada com a medicina tradicional e científica.

Para o autor, não existe uma só visão no mundo sobre o que é o ser humano, o que é a saúde, sobre o universo, são sistemas e formas de entender diferentes. Cada sistema de compreensão tem uma cosmovisão, mas todas holísticas, no sentido de entender que um problema de saúde sempre abrange o todo da situação que vive o indivíduo. São medicinas e terapêuticas que fazem uso de recursos naturais, acessíveis sem grande intervenção da indústria química ou farmacêutica. Recursos naturais como o uso de ervas na Fitoterapia, os exercícios físicos, o toque em certas partes do corpo, as agulhas, estímulos por temperatura, etc. São recursos acessíveis a qualquer pessoa, que dependem sobretudo de estudo e busca de conhecimentos das diferentes racionalidades não biomédicas.

Uma outra característica importante das PICS, lembrada pelo autor, é ser preventiva, fazer recomendações relacionadas à alimentação, estilo de vida, práticas corporais, atividades físicas e hábitos mentais. Todas as cosmovisões não biomédicas trazem uma concepção de integração do indivíduo com seu ambiente social e natural, por isso é preciso olhar para cada pessoa junto ao ambiente que ela vive, incluindo as ideias e ideais que sustenta no mundo que todos vivemos. Nenhum ser humano sozinho será saudável, a saúde passa pelo contato com outros seres, apesar da cultura contemporânea estimular o individualismo.

As PICS proporcionam autonomia, mas ajudam a trazer de volta essa interdependência entre humanos e a natureza. A variedade de práticas integrativas oferecidas hoje abre caminhos de cuidado diferentes para as pessoas que demandam tratamento e traz novas visões de saúde para os profissionais que buscam se formar e desenvolver as PICS.

O vídeo integra o site do Portfólio de Práticas Inspiradoras em Atenção Psicossocial produto da pesquisa “Desafios para a saúde mental na atenção básica: construindo estratégias colaborativas, redes de cuidado e abordagens psicossociais na Estratégia de Saúde da Família" desenvolvida na EPSJV com o apoio do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde PMA/VPPCB/Fiocruz. Para acessar mais conteúdos do Portfólio, acesse: http://portfoliodepraticas.epsjv.fiocruz.br/