A pesquisadora Dra. Renata Veloso Vasconcelos relata no vídeo sobre sua trajetória como educadora física e sobre sua busca por fazer um caminho alternativo àquele que compreende o corpo e o uso do corpo de forma mais mecanizada e tecnicista. Renata contextualiza a entrada do educador físico na Estratégia Saúde da Família, em especial no NASF, e como as atividades físicas e práticas corporais se tornam prioridade, situando como um marco o investimento na Academias da Saúde como programa nacional. A prática do educador físico no SUS foi se diversificando e abrindo possibilidades de trabalho ao longo do tempo, tornando-se diversa e potente, com múltiplas atividades: rodas de conversa, práticas integrativas, entre outras. Define atividades físicas e corporais como aquelas que trabalham com um corpo que é definido pela capacidade de agir, de afetar e ser afetado, e que, nas atividades em grupo, se contagia, ativa alegrias e bons encontros. Analisa o contexto contemporâneo neoliberal que controla os corpos e produz sujeitos que gerenciam seu comportamento, tornando-se uma espécie de empreendedores de si mesmo como sujeito saudável.
Ressalta a importância do profissional que trabalha nesse campo produzir resistências às normatizações da saúde através da criação de práticas potencializadoras de fluxos de afetos, estados de atenção, descobertas de prazeres sutis e cuidado do corpo. As práticas corporais são uma ferramenta que trabalha com o corpo em movimento e que podem ser apropriadas por outros trabalhadores da saúde, sendo o mais importante o fato de que sejam realizadas num coletivo, em equipe e no território. Ir além das prescrições, sem focar em mudanças de comportamentos esperados e idealizados, mas sim num corpo potente para suportar com coragem as lutas da vida e o sofrimento psíquico que advém das situações no seu território de vida.
Em um mundo que estimula o consumo e a busca incessante de uma felicidade idealizada, do emagrecimento e de indicadores padrão para a saúde, a professora ressalta que o que mais se produz é sofrimento, culpabilização e hiperresponsabilização do indivíduo. Apresenta uma síntese da sua pesquisa sobre os discursos, no sentido foucaultiano de práticas discursivas, que sustentaram a entrada da educação física na saúde e legitimam suas práticas. Os resultados apontam a hegemonia de um discurso prescritivo e biomédico, que se preocupa mais com a adesão dos usuários às atividades físicas e menos com o sentido que assumem para eles as práticas corporais potentes e construídas coletivamente.
Este vídeo integra o site do Portfólio de Práticas Inspiradoras em Atenção Psicossocial produto da pesquisa “Desafios para a saúde mental na atenção básica: construindo estratégias colaborativas, redes de cuidado e abordagens psicossociais na Estratégia de Saúde da Família" desenvolvida na EPSJV com o apoio do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde PMA/VPPCB/Fiocruz. Para acessar mais conteúdos do Portfólio, acesse: http://portfoliodepraticas.epsjv.fiocruz.br/