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Projeto de cooperação técnica para desenvolver banho de floresta no Brasil poderá ganhar reforço japonês 


13/04/2023

Suzane Durães (SAS/VPAAPS/Fiocruz)

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Desenvolvido no Japão, o "banho de floresta" (shinrin yoku) tem por objetivo a redução do estresse e a melhora da saúde física e mental. Essa prática natural foi tema da palestra realizada, no dia 12 de abril, pela Japan House São Paulo (JHSP) como parte da programação da exposição 'Essência: jardim interior - Atsunobu Katagiri’. 

A iniciativa reuniu o pesquisador da Universidade de Chiba/Japão, Yoshifumi Miyazaki, o coordenador do Programa de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), Guilherme Franco Netto, e o presidente do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE), Marco Aurélio Bilibio Carvalho. 

Desde 2021, a Fiocruz e o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE) realizam uma cooperação técnica e científica para desenvolver o banho de floresta no Brasil. No debate, Guilherme e Marco apresentaram o desenvolvimento do projeto de cooperação para a prática do banho de floresta no Brasil. 

A iniciativa brasileira chamou a atenção do pesquisador japonês que se dispôs para contribuir com a Fiocruz e o IBE com o projeto de implementação do banho de floresta no Brasil. Yoshifumi é reconhecido como o responsável pelos principais estudos sobre o shinrin yoku, ao provar cientificamente os benefícios desta prática em centenas de pessoas. 

Em 1990 o pesquisador realizou a primeira prática de medição fisiológica dos efeitos do banho de floresta, a partir do nível do cortisol nas pessoas. Ao longo desses anos, a pesquisa passou por 63 lugares e analisou 756 participantes, sendo a maior base de dados já levantada sobre o tema no mundo.  Yoshifumi explicou que a base da pesquisa está na compreensão da relação do homem com a natureza e a interação entre ambos. 

Segundo o professor, o ser humano por seis ou sete mil anos evoluiu dentro da natureza. No entanto, desde a Revolução Industrial, com a urbanização e a artificialização do nosso entorno, as pessoas passaram a sofrer com o estado de estresse. E, nos últimos anos, a Covid-19 aumentou significativamente a situação.  

Para Yoshifumi o estresse faz parte do ser humano contemporâneo, mas acredita-se que o ser humano foi feito para se adaptar à natureza. Ao fazer o banho de floresta, revela, o ser humano se integra à mata e entra em sincronia com esse ambiente e, como resultado, acontece um relaxamento fisiológico, o estresse abaixa e a imunidade passa a funcionar melhor. “É o que chamamos de efeito medicinal de prevenção, ou seja, não cura a doença, mas previne que o corpo adoeça”, explicou.

De acordo com Guilherme, a entrada do conceito de banho de floresta foi marcado em evento realizado pelo Instituto Chico Mendes, em 2017, na qual a Fiocruz e o IBE participaram e debateram o tema saúde e natureza. 

“Desde a sua criação, a Fiocruz tem se dedicado e trabalhado no sentido de compreender as relações entre a saúde e o ambiente. Esse acúmulo de conhecimento da Fiocruz nos fez caminhar para além do suporte de políticas públicas, desenvolvimento de conhecimento científico e processo de formação de pessoas, entre várias outras dimensões, pois há um entendimento sobre a relação entre a saúde e a vida com a natureza que deve ser levado em consideração”, disse.

Segundo Guilherme, a pesquisa visa o levantamento de informações e evidências sobre o banho de floresta que poderá contribuir para que o Sistema Único de Saúde do Brasil inclua o banho de floresta nas práticas integrativas e complementares e, assim, proporcionar os seus benefícios à saúde da população brasileira.

Marco ressaltou que a maioria das pesquisas sobre o banho de floresta está relacionada ao hemisfério norte e o Brasil possui uma vasta biodiversidade, contando com seis biomas distintos. “É importante conhecer os efeitos do banho de floresta nos biomas brasileiros. A fundamentação da pesquisa brasileira e os resultados poderão servir para a construção de políticas públicas de saúde.”, pontuou. Na avaliação dele, a saúde dos seres humanos não pode ser dissociada dos ecossistemas e nem sequer da saúde do planeta.

Assista aqui a íntegra do debate.

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