22/09/2021
Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)
Como parte dos preparativos para a nova expedição brasileira à Antártica, a Fiocruz doou à Marinha 3 mil testes rápidos de detecção de antígenos de Sars-Cov-2. Os kits, produzidos pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), serão usados para testar toda a tripulação de bordo, dos voos de apoio, a equipe na Estação Antártica Comandante Ferraz e os pesquisadores que farão parte da nova viagem - incluindo a equipe do Fioantar, que parte nas próximas semanas. As expedições com os pesquisadores estão sendo retomadas, após a interrupção no ano passado devido à pandemia de Covid-19.
Fiocruz doou à Marinha 3 mil testes rápidos de detecção de antígenos de Sars-Cov-2 (foto: Peter Ilicciev)A entrega simbólica dos testes ocorreu nesta terça-feira (21/9), durante a visita do contra-almirante Antonio Cesar da Rocha Martins, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm). Acompanhado pelo capitão de Mar e Guerra Marcelo Gomes, assessor do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e ex-comandante da estação, o almirante Rocha Martins foi recebido por Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, e Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, que disse que agora, com os testes, a unidade “fica mais próxima da Antártica e do Fioantar”.
O almirante Rocha Martins foi recebido por Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, e Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos (foto: Peter Ilicciev)“Esse não é um programa da Marinha, mas um programa do Estado brasileiro, em que procuramos conhecer a região e garantir para o país um assento no Tratado Antártico com direito a voto e voz”, disse o almirante. “Ter a Fiocruz como parceira só reforça essa condição de programa de Estado”.
No novo auditório de Bio-Manguinhos, o almirante assistiu à uma apresentação sobre a Fiocruz e também sobre o Fioantar. Krieger destacou que a participação da Fundação no Programa Antártico Brasileiro remonta ao próprio DNA da instituição, criada para enfrentar emergências sanitárias e comprometida em “fazer pesquisa voltada para soluções”.
“Uma emergência sanitária como a Covid-19 só reforça a importância de identificar as ameaças antes que elas aconteçam para melhorar a nossa resposta”, disse Krieger, que destacou ainda a missão da Fiocruz, de produzir e compartilhar conhecimento.
O Fioantar permite estudar os impactos dos ecossistemas da Antártica na saúde, lembrou Krieger, ressaltando que a vigilância é fundamental, além da prospecção de biodiversidade e a aplicação na saúde. "Nós queremos colaborar”.
Mais espaço para pesquisadores
No auditório, Rocha Martins conversou com pesquisadores do Fioantar. Fernando Couto Motta, do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo (IOC/Fiocruz), que participou da expedição de 2019, agradeceu a acolhida que os integrantes da Fiocruz têm recebido no navio e na estação. O almirante, por sua vez, revelou planos de levar pesquisadores também no inverno, para ampliar os estudos. Se antes do incêndio a estação tinha 2.500 metros quadrados, hoje ela tem 4.500, com capacidade para receber 32 pesquisadores. A nova estação abriga também o Fiolab — o laboratório permanente da Fiocruz. “Precisamos movimentar a estação com gente, com pesquisas”, disse.
Rocha Martins conversou com pesquisadores do Fioantar (foto: Peter Ilicciev)O almirante explicou que o Proantar é uma das quatro áreas de atuação da Secirm, que inclui ainda o Plano para Recursos do Mar, o Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira e o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. Na conversa com os pesquisadores, o almirante sugeriu ainda possíveis novas áreas de parceria entre a Marinha e a Fiocruz, como a Amazônia Azul, o território marítimo brasileiro também rico em biodiversidade.
Para a pesquisadora Marcia Chame, do Laboratório de Paleoparasitologia (Ensp/Fiocruz), esse seria um universo novo para a Fundação, embora lembre que Oswaldo Cruz construiu um laboratório marinho. Sobre o Fioantar, ela ressaltou o seu caráter integrado. “Normalmente, um grupo de pesquisa tem um projeto específico. Mas a gente trabalha uma mesma amostra em vários grupos diferentes esperando que isso gere um salto de conhecimento.
O almirante visitou ainda instalações da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)O almirante visitou ainda instalações da Fiocruz, como o Centro Henrique Penna (CHP), no Complexo Tecnológico de Vacinas (CTV), onde a vacina contra Covid-19 é fabricada; a Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 (Unadig), onde são feitas as análises de testes; e o Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo.