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Monkeypox: Opas, MS e Fiocruz promovem capacitação na América Latina

Pesquisador pegando um tubo com amostra do vírus

09/06/2022

Maira Menezes (IOC/Fiocruz)*

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A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), o Ministério da Saúde e a Fiocruz promovem, nos dias 9 e 10 de junho, a primeira capacitação para diagnóstico laboratorial do vírus Monkeypox (MPVX) para profissionais de saúde de sete países da América Latina. A iniciativa será ministrada pelo Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e ocorrerá na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365 – Manguinhos). 

Com participação de técnicos de institutos nacionais de saúde da Bolívia, Equador, Colômbia, Peru, Paraguai, Uruguai e Venezuela, o treinamento vai discutir os procedimentos de detecção e diagnóstico do patógeno no contexto de preparação e resposta a uma possível emergência sanitária. Os profissionais participarão de treinamento prático para realização do diagnóstico molecular, baseado na identificação do material genético do vírus, por meio da metodologia de PCR em tempo real (protocolo padrão adotado pela OMS). Os participantes também receberão o material necessário para implementação da metodologia em seus países.

A atividade é promovida tendo em vista o registro de casos de MPVX em diversos países onde a doença não é endêmica, ou seja, onde não havia registro de circulação do vírus. Nesse contexto, a Opas/OMS recomenda que os países assegurem a identificação oportuna dos casos suspeitos, garantindo a coleta de amostras e a implementação de protocolos para detecção molecular em Laboratórios Nacionais de Referência. Todos os casos suspeitos, considerando a avaliação clínica e epidemiológica, devem ser testados. 

A abertura do treinamento será realizada na quinta-feira, 9 de junho, às 9h30, no auditório da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. A cerimônia terá participação da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima; do coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio da Cunha; da diretora do IOC, Tania Araujo-Jorge; do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia; da representante da Opas/OMS no Brasil, Socorro Gross Galiano; e do assessor regional para doenças virais da Opas/OMS, Jairo Mendez.

Na sequência, os objetivos do treinamento, a situação atual da doença e as considerações de biossegurança serão abordados pelo assessor regional para doenças virais da Opas/OMS, Jairo Mendez. A revisão do protocolo e do material para o ensaio de detecção e o diagnóstico da infecção pelo vírus Monkeypox será conduzida pelo virologista Edson Elias da Silva, chefe do Laboratório de Enterovirus do IOC/Fiocruz, que também realizará atividades teóricas e práticas de capacitação. 

Na sexta-feira, 10 de junho, os profissionais realizarão atividades práticas de ensaio laboratorial e discutirão os resultados do treinamento. Esses sete países serão os primeiros da América Latina a serem capacitados no diagnóstico molecular de Monkeypox e, ao final do treinamento, serão capazes não apenas de realizar a detecção em seus países, como identificar as linhagem virais (África Central e Ocidental) – ações fundamentais para subsidiar a resposta local em saúde pública.

Monkeypox

O patógeno foi nomeado como Monkeypox em 1958, quando a infecção foi descoberta em macacos exportados da África para a Dinamarca. O nome une os termos ‘monkey’ – macaco em inglês – e ‘pox’ – que indica o pertencimento à família de vírus Poxviridae. Outros Poxvírus são, por exemplo, o vírus da varíola humana, já erradicada graças a um esforço global de vacinação, e o vírus da varíola bovina.

Posteriormente, foi verificado que os primatas não eram os hospedeiros preferenciais do Monkeypox, mas poderiam ser infectados, assim como as pessoas. Atualmente, não se sabe qual animal mantém o vírus na natureza. Acredita-se que roedores tenham um papel na disseminação da doença na África, onde o vírus é endêmico, isto é, com circulação regular.
Os sintomas da doença podem incluir lesões na pele, febre, dor no corpo e dor de cabeça, entre outros. A letalidade é estimada entre 1% e 10%, com quadros mais graves em crianças e pessoas com imunidade reduzida. 

A apresentação típica de Monkeypox é bem descrita e consiste, de início, em um curto período febril seguido do desenvolvimento progressivo de erupção cutânea clássica com lesões vesiculares, começando na cabeça ou no rosto e progredindo para os membros e tronco. Todas as lesões progridem no mesmo estágio, de máculas, pápulas, vesículas, pústulas e eventualmente crostas que secam e caem após duas a quatro semanas. Há muitas vezes exantemas (feridas ou úlceras) na boca e as lesões podem afetar os olhos e/ou área genital. Gânglios linfáticos inchados são típicos. No entanto, as lesões podem ser hemorrágicas ou fundir-se em grandes bolhas. Neste surto multinacional, foi sugerido que a progressão das lesões pode ser atípica. 

A transmissão do vírus Monkeypox de animais para pessoas pode ocorrer através da mordida ou arranhadura de um animal infectado, pelo manuseio de caça selvagem ou pelo uso de produtos feitos de animais infectados. A transmissão do vírus entre pessoas ocorre principalmente através do contato direto, seja por meio do beijo ou abraço, o por feridas infecciosas, crostas ou fluidos corporais. Também pode haver transmissão por secreções respiratórias durante o contato pessoal prolongado. Até o momento, não se sabe se o Monkeypox pode ser transmitido através do sêmen ou fluidos vaginais.

A doença é endêmica em países da África Ocidental e Central. No entanto, segundo a OMS, desde do dia 13 de maio, data em foram reportadas as primeiras infecções em países não-endêmicos, 780 casos foram confirmados em 27 países fora da área endêmica. A maioria das pessoas com casos confirmados relatou viagens para países da Europa e América do Norte, em vez da África Ocidental ou Central. Na região das Américas há casos confirmados no México (1), Argentina (2), Estados Unidos (19) e Canadá (58). Ainda não há casos no Brasil. Atualmente, o risco para a saúde pública em nível global é avaliado pela OMS como moderado, considerando a dispersão dos casos fora dos países endêmicos.

*Edição: Vinicius Ferreira

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