17/09/2020
Por: André Antunes (EPSJV/Fiocruz)
Saiu do prelo a nova edição da Revista Poli, cuja matéria de capa discute o perfil epidemiológico brasileiro antes, durante e após a pandemia de Covid-19. Ao mesmo tempo em que analisa como ela afetou o comportamento da doença no país, a reportagem projeta as mudanças sanitárias e os desafios que isso deve acarretar para o sistema de saúde nos próximos anos. Para isso, a Poli ouviu especialistas sobre as consequências, diretas e indiretas, da crise gerada pelo novo coronavírus, desde o aumento da participação das doenças infectocontagiosas e parasitárias entre as principais causas de mortalidade até mudanças mais estruturais, como um possível aumento nas mortes de pacientes com doenças crônicas que não conseguiram continuar o tratamento durante a pandemia. Sem falar na piora dos indicadores sociais, que afetam diretamente a saúde.
A pandemia deve gerar mudanças estruturais também no mundo do trabalho no Brasil, como projetam especialistas na área. Eles dão como certo que o trabalho remoto, modalidade que se expandiu no país em meio à adoção das medidas de isolamento social, veio para ficar. Mas que efeitos isso deve trazer para os trabalhadores brasileiros? Para analistas, ainda há muitas lacunas na legislação brasileira a respeito dessa modalidade de trabalho, cuja expansão pode vir atrelada a um processo de retirada de direitos trabalhistas em meio à crise econômica agravada pelo novo coronavírus.
As contradições sobre o papel da ciência durante a pandemia é o tema de outra matéria desta edição. Pesquisas realizadas no Brasil e no exterior têm apontado que os altos índices de confiança na ciência como aposta para solucionar a crise mundial provocada pelo novo coronavírus convivem hoje com um aumento do que tem se chamado de “negacionismo científico”, a exemplo do movimento antivacina que vem ganhando adeptos mundo afora.
A entrevistada desta edição é com Graça Druck, professora titular do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBA). Ela fala sobre como a terceirização vem se desenhando historicamente no Brasil e no mundo, analisa seus impactos sobre os direitos e a capacidade de organização dos trabalhadores terceirizados – que compõem um contingente expressivo dos trabalhadores considerados essenciais durante a pandemia.
A edição traz ainda matéria sobre as polêmicas envolvendo os planos de retomada das aulas presenciais em alguns estados, cujos governos, cedendo à pressão do setor privado da educação, têm permitido o retorno antecipado das atividades presenciais nas escolas particulares, em um momento em que o novo coronavírus ainda causa centenas de mortes diárias no país. Especialistas alertam para o risco de novos surtos da Covid-19 e ressaltam que o retorno antecipado das escolas particulares aprofunda desigualdades educacionais.
Por fim, a seção O que é, o que faz? aborda Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz que tem como carro-chefe a produção de vacinas que trouxeram avanços importantes para o sistema de saúde brasileiro ao longo das últimas quatro décadas. E que tem desempenhado papel essencial para o SUS em meio à atual crise sanitária.
A Poli é uma publicação impressa editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). A versão online pode ser acessada aqui.
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