03/03/2020
Agência Fiocruz de Notícias
Nesta semana, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) inicia a produção de protótipos de kits com insumos para a realização de 30 mil testes diagnósticos para o novo coronavírus. Diante da identificação dos primeiros casos no Brasil e da preparação para uma possível disseminação da doença em território nacional, o Ministério da Saúde (MS) encomendou à Fiocruz o desenvolvimento e a produção dos kits para diagnóstico laboratorial destinados a atender a rede de laboratórios públicos de todo o país. Os kits foram desenvolvidos pelos institutos de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).
A Fiocruz tem capacidade de produzir cerca de 20 mil testes semanais e o ritmo de produção seguirá conforme a demanda do Ministério da Saúde (Foto: Bernardo Portella)
“A Fiocruz vem acompanhando com o Ministério todas as iniciativas dessa emergência. Estamos trabalhando com foco no diagnóstico, mas também atuaremos em todas as frentes necessárias no enfrentamento desse novo vírus, seja na vigilância em saúde, na pesquisa e prospecção de medidas terapêuticas, em medidas educativas de prevenção e, sobretudo, no fortalecimento do nosso Sistema Único de Saúde. Também reafirmamos nosso compromisso com a informação qualificada junto ao cidadão”, explica a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.
Segundo orientação do MS, a Fiocruz também terá atuação no processo de descentralização e expansão da capacidade laboratorial para realização dos testes moleculares para detecção do novo coronavírus, o que inclui não apenas o desenvolvimento e a produção, mas também a capacitação de laboratórios públicos presentes em diversos estados (Lacens) para a sua realização. A atividade será conduzida pelo Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Referência nacional em vírus respiratórios junto ao MS, o Laboratório já realizou a capacitação de especialistas dos Institutos Adolfo Lutz, em São Paulo, e Evandro Chagas, no Pará, além de técnicos do Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás e de nove países da América Latina, a partir de solicitação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Atualmente, na rede pública nacional, somente estes laboratórios, além da Fiocruz, realizam os testes específicos para o novo coronavírus.
“É importante dizer que a Fiocruz entregará não apenas kits para detecção do novo coronavírus, mas também para os vírus de influenza A e B. Ou seja, além de expandirmos a capacidade de diagnóstico para várias partes do país, vamos agilizar ainda mais o tempo de resposta ao paciente, uma vez que os laboratórios poderão testar Influenza e o novo coronavírus, fazendo um diagnóstico diferencial”, comenta o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger.
A Fiocruz tem capacidade de produzir cerca de 20 mil testes semanais e o ritmo de produção seguirá conforme a demanda do Ministério da Saúde. O secretário de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, afirmou em entrevista coletiva na tarde da segunda-feira (2/3), a expectativa é de que, ao longo das próximas duas semanas, estados das regiões Norte (Amazonas, Pará e Roraima), Nordeste (Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe), Sudeste (Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais), Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) sejam capacitadas e que, em 20 dias, todos os laboratórios centrais estejam aptos a realizar os testes para diagnóstico do novo coronavírus.
“Com mais essa rodada de capacitações, a expectativa é de que profissionais de todas as regiões do país estejam aptos a realizar o diagnóstico deste novo vírus, o que representa maior agilidade na detecção de possíveis novos casos”, explica e chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do IOC/Fiocruz, Marilda Siqueira.
Em 2020 a Fiocruz completa 120 anos. A entrega do teste Covid-19 em tempo recorde é fruto de competências instaladas e compromisso institucional com a saúde e a inovação.
“O kit nacional reforça e qualifica a capacidade já demonstrada pelo Ministério e pelo SUS na resposta à emergência global. São ações estratégicas de Estado”, conclui o diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Maurício Zuma.