17/09/2019
Por: Nathália Gameiro (Fiocruz Brasília)
O dia 13 de setembro marca os 12 anos da aprovação da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas pela Organização das Nações Unidas (ONU). O documento garante a eles o direito de dizer e determinar como querem viver, ter seus sistemas próprios de educação, saúde, financiamento e resolução de conflitos; o direito de que sejam consultados antes de qualquer medida legislativa e administrativa que lhes afete; o direito à reparação quando suas terras forem ocupadas indevidamente, ou se alguma propriedade cultural, intelectual ou religiosa foi utilizada sem consentimento; e o direito de manter seus próprios meios de comunicação em suas línguas.
Para comemorar esta data e chamar atenção para a importância dos conhecimentos tradicionais indígenas, a Fiocruz lançou na última quinta-feira, 12 de setembro, no Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Brasília, o documentário Mboraihu – O Espírito que nos Une. O filme dá voz a rezadores, pajés, parteiras e professores indígenas de aldeias da etnia Guarani-Kaiowá que vivem na região conhecida como cone sul, no Mato Grosso do Sul.
O nome Mboraihu foi escolhido pelo significado na etnia guarani: amor. E é essa mensagem que o filme busca passar, além de dar voz e vez aos povos indígenas. No documentário eles contam suas histórias e cultura, explicando suas tradições com as plantas medicinais e as práticas de reza. Falam sobre a desapropriação de suas terras e plantações para exploração de mate e soja, escassez de recursos naturais e sobre o preconceito, racismo, discriminação e violência que ainda enfrentam.
“Queremos conscientizar a sociedade sobre a importância de valorizar a cultura tradicional indígena para garantir o desenvolvimento sustentável no país. Buscamos ainda dar visibilidade às práticas tradicionais de cuidados e promover a valorização de manifestações culturais que contribuam para culturas diversificadas de cuidado no Sistema Único de Saúde, garantindo os princípios da integralidade, equidade, respeito, inclusão e cidadania”, explicou o produtor do documentário e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), Paulo Basta.
Logo após a exibição do documentário, trabalhadores da Unicef, Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde e ONU mulheres participaram de debate e destacaram que existem mais de 300 etnias indígenas diferentes e cada uma tem uma realidade. Lembraram da necessidade de fazer o resgate da cultura, a valorização do conhecimento da população indígena e a sensação de pertencimento dos mais jovens, o que poderia evitar as altas taxas de alcoolismo, uso de drogas e suicídio.
Mais em outros sítios da Fiocruz