11/08/2021
Por: Fernando Pinto (Fiocruz Brasília)
No momento em que o país registrou a triste marca de 564 mil mortes em decorrência da pandemia de Covid-19, a Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (10/8), uma sessão extraordinária da Comissão Geral para discutir a situação da saúde no Brasil e o futuro do Sistema Único de Saúde (SUS). A audiência pública foi fruto de um requerimento de 18 deputados em alusão ao Dia Nacional da Saúde, comemorado em 5 de agosto. Presidida pelo parlamentar Odorico Monteiro, a Comissão reuniu pesquisadores, médicos, especialistas, gestores e outros representantes do setor saúde para debater o tema com os parlamentares.
O deputado Odorico Monteiro defendeu o fortalecimento do SUS ao lembrar que todos os brasileiros são usuários do Sistema, independentemente de sua classe social. Ele reforçou que o SUS, por meio do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, está presente na rotina diária das pessoas, garantindo desde a qualidade da água que chega às casas até os produtos que estão nas farmácias, supermercados e restaurantes, entre outros. “O SUS não é só um sistema de assistência médica e hospitalar; é um sistema de vigilância, 24 horas, de promoção e proteção da saúde”, sinalizou.
O chefe de Gabinete da Presidência da Fiocruz, Juliano Lima, destacou a importância de se manter uma base nacional de ciência, tecnologia e inovação para a sustentabilidade do SUS. “O investimento público na capacidade produtiva e científica é fundamental para a sobrevivência do SUS”, afirmou ao apresentar dados sobre a importância do investimento em pesquisas, para que o Brasil não continue dependendo de insumos estrangeiros, como aconteceu agora na pandemia. Ele ressaltou ainda o imenso potencial do SUS para a superação da crise econômica e o desenvolvimento do país. “O SUS é uma chave para o desenvolvimento e não uma trava”, concluiu.
O vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Ismael Alexandrino, ressaltou o papel fundamental que o SUS tem para a população brasileira e a importância da manutenção de suas políticas públicas, que garantem o acesso universal, integral e igualitário aos serviços de saúde. “A pandemia mostrou que o SUS é a maior conquista democrática e estruturada que nós tivemos nos últimos 35 anos”, enfatizou.
O deputado Chico D’Angelo fez uma homenagem ao sanitarista e diretor do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, Antonio Ivo de Carvalho, falecido em junho deste ano. Ele recordou a trajetória de Antonio Ivo na defesa da democracia, da participação social e do direito à saúde, e o seu compromisso com o fortalecimento do campo da saúde coletiva e do SUS.
Quilombola e representante do Centro de Estudos e Defesa do Negro (Cedenpa), Samilly Valadares destacou como os povos quilombolas e de territórios vulnerabilizados ainda não têm acesso à saúde de qualidade. “As nossas vozes precisam ser ecoadas, pautadas e consideradas nestes espaços de debates de saúde”, afirmou.
Já a deputada e médica Soraya Manato recordou as contribuições históricas do médico sanitarista Oswaldo Cruz, destacando o trabalho realizado pelo patrono da Fiocruz no enfrentamento e erradicação de diversas doenças infecciosas. “A pandemia de Covid-19 pegou o mundo de surpresa e impôs novos desafios, e, graças ao legado de cientistas como Oswaldo Cruz, estamos conseguindo enfrentar mais esta crise sanitária”, disse.
O debate contou ainda com a participação de outros parlamentares, representantes de hospitais, instituições de classe e profissionais da saúde.
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