23/10/2020
Fonte: Fiocruz Bahia
O teste diagnóstico sorológico da infecção pelo vírus zika é considerado desafiador por apresentar reação cruzada com outros vírus da mesma família, como é o caso do vírus da dengue, dificultando a interpretação dos resultados. Por isso, pesquisas têm sido realizadas para avaliar a acurácia desses testes, de modo a orientar profissionais e gestores de saúde na decisão de como e quais ensaios utilizar em regiões onde há co-circulação destes vírus.
Um estudo avaliou a capacidade do MAC-ELISA, desenvolvido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA, sigla em inglês), em diferenciar infecções causadas pelos vírus da zika e da dengue. Duas características principais foram analisadas para definir o desempenho do teste: a sensibilidade e a especificidade. O trabalho, com primeira autoria da pós-doutoranda, Moyra Portilho, e coordenação dos pesquisadores Guilherme Ribeiro e Ricardo Khouri, da Fiocruz Bahia, foi publicado no periódico científico Diagnostics.
Para determinar a sensibilidade, foram usadas amostras de soro em fase aguda e de convalescença de 21 pacientes com infecção por zika confirmada por RT-PCR. Para determinar a especificidade, foram usadas amostras de soro de fase aguda e convalescente de 60 casos de dengue confirmados por RT-PCR e de 23 doadores de sangue.
Durante a fase aguda da infecção pelo vírus zika, o ensaio apresentou sensibilidade de 12,5% para amostras coletadas de 0 a 4 dias após o início dos sintomas e de 75,0% para amostras coletadas 5 a 9 dias após o início dos sintomas. Durante a fase de convalescença da doença, a sensibilidade do teste foi 90,9%, 100% e 0% para as amostras obtidas entre 12 e 102 dias, entre 258 e 260 dias e entre 722 e 727 dias, respectivamente. A especificidade para amostras coletadas nas fases aguda e convalescente de uma infecção pelo vírus da dengue confirmada por RT-PCR foi de 100% e 93,2%, respectivamente. A especificidade para amostras de doadores de sangue foi de 100%.
Os autores do estudo concluíram que o ensaio do CDC apresentou uma sensibilidade muito boa para o diagnóstico de zika durante a convalescença e uma excelente especificidade, mesmo quando o teste foi aplicado em amostras obtidas de pacientes com dengue. Por isso, o teste apresenta um grande potencial de uso para o diagnóstico de infecção pelo vírus zika, tanto durante ações de vigilância quanto durante investigação de surtos em regiões com co-transmissão endêmica ou epidêmica do vírus da dengue.
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