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Estudo vai revelar dados sobre a alimentação em escolas brasileiras

Um relógio, do lado de uma tesoura e uma maçã em cima de um caderno

24/06/2022

Danielle Monteiro (Ensp/Fiocruz)

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Especialistas acreditam que a alimentação saudável deve ser encorajada desde cedo e que a escola é um local estratégico para a promoção de hábitos alimentares saudáveis. Afinal, é na unidade de ensino que crianças e adolescentes passam, no mínimo, um terço do dia e fazem de uma a duas refeições. Não à toa, a escola é objeto de diversos estudos que pretendem identificar os elementos influenciadores do consumo alimentar daquele grupo etário. Foi com base nessa premissa que surgiu o Caeb, projeto que vai avaliar a comercialização de alimentos e bebidas em cantinas e lanchonetes no ensino fundamental e médio de escolas privadas e seu entorno em grandes cidades do Brasil. Os dados obtidos vão servir como base para a criação de propostas que contribuam para o oferecimento de alimentos mais saudáveis na escola e ampliem as possibilidades de  escolha pelos alunos. A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) é uma das instituições engajadas e integrantes da coordenação desse estudo de combate à obesidade e promoção da saúde. 

Financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a pesquisa Comercialização de Alimentos e Bebidas em Cidades Brasileiras é coordenada por um grupo de pesquisadores de diversas instituições públicas brasileiras e conta com o apoio da ACT Promoção da Saúde, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e do Instituto Desiderata, e parceria do Vox Populi para a coleta dos dados.

O estudo vai coletar informações sobre preço, disponibilidade e qualidade dos alimentos e bebidas comercializados nas unidades de ensino analisadas. "Nosso objetivo principal é descrever, em termos de disponibilidade, o que é vendido, o preço médio praticado e a presença de publicidade nos alimentos, pois existem, em várias cidades e estados brasileiros, projetos de lei ou decretos que visam regulamentar o ambiente alimentar  escolar. Essa regulamentação é necessária para coibir o acesso cotidiano, pelas crianças, de alimentos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, biscoitos de pacote, balas, guloseimas, refrigerantes e suco artificial. A escola, como um espaço de promoção da saúde e educação, deve prevenir o acesso a esses tipos de alimento, por serem muito calóricos e ricos em sal e açúcar, devendo ser consumidos em menor quantidade e frequência", explica a pesquisadora da Ensp integrante do grupo coordenador do Coeb, Letícia Cardoso. Ela lembra que pesquisas já apontam a associação de aumento do consumo de alimentos ultraprocessados com o crescimento da obesidade e a incidência de dislipidemias, colesterol e triglicerídeo altos, e hipertensão arterial em crianças e adolescentes. 

Os resultados da pesquisa serão analisados de forma coletiva e posteriormente divulgados. Os dados individuais de cada cantina, escola participante ou comerciante ambulante serão tratados de forma sigilosa e não serão propagados. Após a coleta das informações, os estabelecimentos participantes vão receber gratuitamente um diagnóstico individual sobre a situação da sua atividade de comércio de alimentos e bebidas. O diagnóstico inclui um esquema de fácil visualização, que mostra o percentual de alimentos in natura, dos minimamente processados e dos ultraprocessados oferecidos pelo estabelecimento, indicando os pontos críticos e fornecendo dicas de como melhorar o negócio, tornando-o mais alinhado às recomendações para uma alimentação saudável. 

Em seguida, o participante da pesquisa receberá um guia prático de modelo de negócios de cantina saudável em formato de e-book. "Também vamos promover um curso online de gestão de negócios para os cantineiros, com a ajuda dos parceiros, para torná-lo viável e promotor de uma alimentação saudável, pois os proprietários dos estabelecimentos dizem que não conseguem vender alimentos in natura porque estragam rápido e o custo é maior", adianta Letícia.

A pesquisa, que teve início em maio e finalizará em novembro desse ano, vai envolver cerca de mil escolas. Para a coleta de dados, serão entrevistados proprietários/gestores das cantinas escolares e do comércio ambulante de alimentos no entorno das unidades de ensino nas cidades de Aracaju (SE), Belém (PA), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Niterói (RJ), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Campo Grande (MS), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). 

Em uma segunda etapa do estudo, que acontecerá ao longo de 2023 e 2024, será avaliado se a implementação dos decretos e projetos de lei nas cidades estudadas de fato reduziu o acesso aquele tipo de alimentação nas escolas.

Saiba mais sobre o Caeb.

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