11/09/2019
Por: Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)
Como parte das comemorações do 38º aniversário do INCQS/Fiocruz, o Instituto promoveu o 2º Visa em Foco, com o tema Água, em 3 de setembro. O tema foi debatido sob diferentes perspectivas: impacto da ação humana na qualidade das águas, poluição hídrica, segurança para o consumo humano e direito à água potável e ao saneamento básico.
Impactos da atividade humana sobre a segurança dos recursos hídricos
Na primeira abordagem, intitulada Impactos da atividade humana sobre a segurança dos recursos hídricos, o pesquisador Daniel Andrés Rodriquez, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), falou sobre os impactos do desmatamento e da urbanização. De acordo com ele, a troca das florestas pelas pastagens muda as características hidráulicas do solo, enquanto a urbanização traz a presença de estradas e o esgotamento sanitário, restringindo a circulação da água.
O palestrante enfatizou que uso da terra tem efeitos na qualidade da água, pois dejetos industriais, poluentes agrícolas (pesticidas, agrotóxicos) e outras formas de contaminação podem impactar até mesmo as águas subterrâneas. Por isto, é fundamental levar em conta a integração entre a ocupação da terra com o planejamento sustentável dos recursos hídricos, como forma de garantir a segurança da qualidade das águas e dos alimentos.
Poluição hídrica
O enfoque seguinte foi ‘poluição hídrica’, na mesa redonda que contou com as seguintes apresentações:
- Biondicadores de poluição de natureza antrópica em ecossistemas aquáticos, feita pela curadora da Coleção de Arqueas de Referência em Vigilância Sanitária (CARVS) do INCQS, Maysa Mandetta Clementino, que discorreu sobre o rastreamento das fontes microbianas para conhecimento dos patógenos e da origem da contaminação, e sobre os bioindicadores dos hospedeiros;
- Vírus entéricos em água, feita pela pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) (http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home), Marize Pereira Miagostovich, que explicou estes vírus são eliminados em grandes quantidades pelas fezes contaminadas e resistem a condições adversas. Além da contaminação pelo consumo da água ou por via alimentar de produtos agrícolas, há possibilidade de infecção pelas enchentes e recreação no mar, dentre outras formas.
- Resíduos de antimicrobianos em águas no Estado do Rio de Janeiro: determinação e efeitos ecotoxicológicos, feita pela chefe do Laboratório de Medicamentos, Cosméticos e Saneantes, Mychelle Alves Monteiro do INCQS, que apontou os altos índices de antibióticos e outras substâncias nos rios, que propiciam o desenvolvimento da resistência dos microrganismos (bactérias, fungos, vírus, parasitas, protozoários etc) aos antimicrobianos, bem como os parasitos ecotoxicológicos.
Panorama da segurança e qualidade da água de consumo humano no Brasil
No período da tarde, a representante do Programa Vigilância da Qualidade da Água (Vigiágua/MS), Jamyle Grigoletto, debateu o impacto da falta de saneamento e de água segura na saúde, os marcos legais para a garantia da qualidade hídrica, os instrumentos que o programa utiliza para aferição dos índices e o Plano de Segurança da Água, que visa avaliar e gerenciar os riscos à saúde, bem como buscar soluções alternativas de abastecimento de água.
Direitos humanos à água potável e saneamento básico, e a Agenda 2030
O evento foi encerrado com a palestra Direitos humanos à água potável e saneamento básico, e a agenda 2030, ministrada pela pesquisadora do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz/MG), Priscila Neves Silva. A Agenda foi estabelecida pelos líderes mundiais em 2015, na Organização das Nações Unidas (ONU), para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade.
O palestrante destacou que os direitos à água e ao esgotamento sanitários se enquadram no direito a uma vida com qualidade e estão relacionados ao direitos à saúde, alimentação e moradia digna, previstos no Tratado Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
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