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Acesso aberto reforça a ideia da ciência como construção permanente


19/10/2015

Por Marcelo Garcia (Portal Fiocruz)

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Durante a Semana Internacional do Acesso Aberto, de 19 a 25 de outubro, a comunidade científica mundial se mobiliza em favor da democratização do acesso ao conhecimento pela sociedade. A Fiocruz integrará a programação com o lançamento oficial de seu novo newsgame “Jogo do Acesso Aberto” e de uma página no Facebook de seu Repositório Institucional (Arca), principal instrumento de realização dessa política e que tem como objetivo reunir, preservar e dar visibilidade à produção científica da instituição. Para celebrar a data, a instituição também realiza um especial com uma série de reportagens sobre o assunto.

O Movimento Internacional de Acesso Aberto ao Conhecimento, envolve inúmeros institutos de pesquisa e universidades do mundo. De forma geral, sua proposta é buscar alternativas às políticas de controle da informação do mercado editorial de publicações científicas, para tornar os resultados das pesquisas mais acessível à sociedade. Bianca Amaro, coordenadora do Laboratório de Metodologias de Tratamento e Disseminação da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), acredita que a proposta pode otimizar o investimento, em grande parte público, e estimular a inovação. “Quanto maior for a disseminação dos estudos já realizados, maior será o controle contra o retrabalho”, avalia. “Isso gera economia de recursos, que podem ser investidos em pesquisas inovadoras, e permite que os avanços científicos sejam obtidos de forma mais célere.”

Para atingir seus objetivos, o movimento do acesso aberto apresenta duas vias: a verde, que defende a criação de repositórios institucionais de acesso público para os autores autoarquivarem sua produção, e a dourada, que defende a criação de revistas científicas de acesso aberto. “As duas estratégias são, ao mesmo tempo, complementares e independentes - e ambas democratizam o acesso à informação”, defende Amaro. “As instituições de pesquisa devem contribuir com as duas vias, criando os seus repositórios institucionais e orientando os seus pesquisadores a publicarem em revistas de acesso aberto.”

Acesso aos dados brutos

Uma polêmica muito atual nesse debate é a disponibilização livre dos dados brutos junto com os resultados finais das pesquisas. A proposta enfrenta resistência de alguns pesquisadores, que defendem sua propriedade sobre os dados que coletaram; e do mercado editorial, que pretende cobrar pelo acesso. Amaro entende a medida como importante para o avanço da ciência e acredita que é necessário realizar um grande trabalho de conscientização junto à comunidade científica, em especial nas instituições públicas.

“Quando a pesquisa é desenvolvida com recursos públicos, tudo que a ela se refere deve ser público. A ciência avançará mais rapidamente se não houver a necessidade de coletar dados que já foram coletados, eles poderão ser analisados de outros pontos de vista”, avalia. “Já o movimento das editoras contra a abertura dos dados brutos não surpreende, elas estão inventando novas maneiras de garantir seu lucro, fechar o acesso aos dados é uma delas.”

Direito à informação

 Nesse contexto, Amaro elogiou a iniciativa de criação de uma política própria de acesso aberto e de um repositório institucional da Fiocruz. “Esse tipo de medida é de suma importância, pois coloca à disposição de pesquisadores do Brasil e do mundo uma produção científica que pode ser utilizada como base para outras pesquisas”, elogiou. A defesa do acesso aberto, aliás, é uma proposta que mantém relação íntima com os princípios democráticos dos Sistema Único de Saúde e com a questão do direito à saúde, bandeira tão importante da atuação da Fiocruz e do campo da saúde coletiva. “O acesso aberto assegura o nosso direito à informação científica e nosso direito à saúde, previstos na relação de direitos sociais assegurados como princípios fundamentais pela Constituição”, concluiu.

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