11/03/2025
Suzane Durães (Coordenação de Ambiente - VPAAPS/Fiocruz)
Parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE), WWF Brasil, Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) e o Parque Nacional de Brasília (PNB) oferece gratuitamente o banho de floresta em Brasília. Segundo pesquisas, o banho de floresta ajudar a combater a depressão, ansiedade, estresse, entre outros benefícios importantes para saúde física e mental, bem como incentiva a reconexão com a natureza e a preservação ambiental.
Fotos: Suzane Durães
A prática contempla grupos de até 12 pessoas sob a supervisão dos guias habilitados e credenciados pelo IBE e acontece sempre aos sábados, de 8h30 às 11h30, na Trilha da Capivara do PNB. Os interessados precisam preencher o formulário.
Os grupos são acompanhados por três guias, sendo dois condutores e um apoio que fica sempre na retaguarda observando os participantes. Logo no início da trilha, os profissionais explicam que o banho de floresta, ou "Shinrin-yoku", é uma terapia japonesa que consiste na conexão profunda com a natureza.
Durante a condução, os guias ajudam a focar na respiração e a liberar tensões acumuladas. A percepção das texturas, dos sons e dos aromas da natureza facilitam a conexão das pessoas com a floresta.
Enquanto caminham, as pessoas são incentivadas a desacelerar, a prestar atenção aos pequenos detalhes e são levadas a um estado de relaxamento e bem-estar, semelhante ao que acontece numa meditação.
“Escolha uma folha, sem arrancá-la, e sinta sua textura” disse aos participantes a guia Maria Rios Palhares. Ela conta que antes de ser guia era empresária do ramo de decoração e foi por meio da filha que conheceu o banho de floresta. Para ela, a conexão com a natureza é transformadora e participar desse projeto é motivo de orgulho e satisfação.
“A floresta nos oferece cura não só fisicamente e organicamente, mas também emocional e espiritual. Estar aqui com as pessoas e a natureza é estarmos vivos e conscientes da existência de um universo que a gente desconhece, mas que nos fortalece na luta diária”, destacou Maria.
A psicóloga Beatriz Garbelotto de Castro veio de São Paulo para participar do curso de formação de guias de banho de floresta em Brasília. “Cada dia que a gente vem trabalhar ou receber o banho de floresta é uma experiência profunda e cada vez é possível se conectar mais com a natureza”, afirma.
Para a bióloga Erika Dickel Persijn, que também é guia, o banho de floresta age contra o excesso de estímulos da vida moderna, o excesso da tecnologia e a pressa do dia a dia. “A floresta libera fitoncidas benéficos para a saúde e conseguimos ver isso visivelmente nas pessoas. Muitas vezes elas chegam agitadas e ansiosas e no final do banho de floresta estão calmas e sorrindo, além de sair com um sentimento de coletivo mais aflorado”, ressalta.
Os fitoncidas são substâncias liberadas pelas árvores no ar que fortalecem o sistema imunológico ao estimular a produção de células NK (natural killers). Essas substâncias contribuem no fortalecimento do sistema imunológico e ajudam a melhorar a saúde mental e física.
Geralmente, o banho de floresta em grupo tem duração de duas horas e o uso do celular não é bem-vindo. Sempre no final da trilha, elas se sentam em círculo para a cerimônia do chá e para compartilhar a experiência vivenciada. São vários os relatos de que estão mais calmas e tranquilas e gratas pela oportunidade de reconexão com a natureza.
Além do banho de floresta em grupo, a prática pode ser feita individualmente e, em alguns países como o Japão, o Canadá e os Estados Unidos, é comum médicos prescreverem visitas de imersão na natureza.
Pensando nos benefícios do banho de floresta, a Fiocruz vem estudando o banho de floresta em cooperação técnica com o IBE desde 2021. A cooperação tem por objetivo estimular a aproximação das pessoas às áreas naturais no sentido de experimentarem os efeitos positivos à saúde e, ainda, contribuir para a conservação da natureza e a geração de benefícios socioeconômicos aos atores locais.
De acordo com o coordenador de Saúde e Ambiente da Fiocruz, Guilherme Franco Netto, existe a intenção de transformar a prática em política pública, apresentando ao Sistema Único de Saúde (SUS) uma proposta de viabilidade da prática ser prescrita para a população no país, a exemplo do que já acontece no Japão.
Conheça o Termo de Referência da cooperação.