10/10/2024
Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)
Divulgado nesta quinta-feira (10/10), o novo Boletim InfoGripe mostra tendência de interrupção do crescimento e de diminuição dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 em estados da região Centro-Sul. A atualização aponta que apenas duas das 27 unidades federativas do país, Minas Gerais e Pernambuco, apresentam sinal de aumento. No entanto, a análise sinaliza também crescimento de SRAG entre os idosos, provavelmente por Covid-19, em alguns estados das regiões Norte e Nordeste – Acre, Pará e Pernambuco. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos de Sars-CoV-2 (Covid-19) foi de 30%. Entre os óbitos, o índice registrado foi de 63%. A análise, que tem com base nos dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) no período de 29 de setembro até o dia 5 de outubro, é referente à Semana Epidemiológica (SE) 40.
Segundo o estudo, a redução dos casos de SRAG observada no agregado nacional se deve a uma queda ou interrupção do crescimento das ocorrências associadas à Covid-19 e ao rinovírus em diversos estados do país, embora ambos os vírus ainda apresentem tendência de aumento em outros estados. O InfoGripe destaca ainda a diminuição do número dos casos graves pelo rinovírus, que atinge principalmente crianças e adolescentes de até 14 anos. Esse cenário foi constatado em quase todos os estados do país, com exceção de Santa Catarina e Pernambuco onde se verifica aumento de ocorrências graves pelo vírus.
Pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, Tatiana Portella reforça a importância da vacinação contra a Covid-19, especialmente para indivíduos que fazem parte dos grupos de risco como idosos, crianças e pessoas com comorbidade. “Gostaria de reforçar também a importância da vacinação em crianças pequenas, já que esse é um dos grupos, junto com os idosos, com maior incidência de internações pelo vírus. Então é muito importante que os pais levem seus filhos para vacinar contra a Covid-19”, orienta Portella.
Outras recomendações são o uso de máscara em locais fechados - com maior aglomeração de pessoas e dentro dos postos de saúde -, principalmente para quem que mora em regiões onde tem se observado aumento de casos de SRAG. E em caso de aparecimento de sintomas, a pesquisadora chama atenção que o ideal é ficar em casa em isolamento, evitando transmitir o vírus. "Se não for possível, o recomendado é sair de casa usando uma boa máscara", destaca.
Estados e capitais
Os casos de SRAG por Covid-19 apresentam sinal de manutenção da queda em Mato Grosso do Sul (MS), Paraná (PR), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), e interrupção do crescimento ou início de queda em Goiás (GO) em Minas Gerais (MG) e Distrito Federal (DF). Também nos estados que apresentavam tendência de crescimento dos casos de SRAG entre os idosos, em decorrência da Covid-19, alguns já mostram sinais de interrupção do crescimento ou início de queda, como Ceará (CE), Santa Catarina (CE) e Rio Grande do Sul (RS).
“O aumento dos casos de SRAG em Minas Gerais está concentrando principalmente na faixa etária dos adolescentes e adultos de 15 a 49 anos, porém os dados laboratoriais ainda não permitem fazer uma associação sobre qual vírus tem impulsionado esse aumento”, observa a pesquisadora..
Dez capitais apresentam sinal de crescimento nos casos de SRAG: Boa Vista (RR), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE), Rio Branco (AC), Vitória (ES).
Situação nacional
No ano epidemiológico 2024, já foram notificados 141.147 casos de SRAG, sendo 67.247 (47,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório 58.335 (41,3%) negativos, e cerca de 8.007 (5,7%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Quanto aos casos positivos do ano corrente, 18.1% são influenza A, 1,1% influenza B, 38% vírus sincicial respiratório, 24,8% rinovírus e 19% Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 14,8% influenza A, 7,4% influenza B, 5,6% vírus sincicial respiratório, 30,1% rinovírus e 30% Sars-CoV-2 (Covid-19)
Incidência e mortalidade de SRAG em 2024
A incidência e mortalidade semanal média nas últimas oito semanas epidemiológicas mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. Enquanto a incidência de SRAG afeta mais as crianças de até dois anos, em termos de mortalidade verifica-se o inverso: a população a partir de 65 anos é a mais impactada.
Em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2, a incidência tem apresentado maior impacto nas crianças pequenas e idosos, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre os idosos a partir de 65 anos. Quanto aos demais vírus com circulação relevante no país, o impacto nos casos de SRAG tem se concentrado nas crianças pequenas e associados principalmente ao rinovírus e VSR. A influenza A também se destaca na mortalidade da população idosa a partir de 65 anos. Por se tratar de um cenário que inclui as quatro últimas semanas epidemiológicas, a incidência e mortalidade apresentadas estão sujeitas a alterações.