18/09/2024
Angélica Almeida (Agenda de Saúde e Agroecologia/VPAAPS)
Trabalhadoras da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) realizaram uma visita ao Instituto Aggeu Magalhães entre os dias 5 e 7 de setembro para conhecer iniciativas relacionadas a saúde e agroecologia. Reunião entre os grupos que atuam no tema, participação no Minuto SUS e visita a hortas comunitárias e cozinhas solidárias fizeram parte da programação.
Encontro entre grupos que atuam com saúde e agroecologia na Fiocruz Pernambuco
Foto Angélica Almeida
A pesquisadora Lorena Portela explica que a atividade faz parte dos esforços da VPAAPS em estimular, valorizar e articular ações entre o campo da saúde coletiva, o SUS e a agroecologia. “No SUS há muitas experiências estruturadas dentro de Unidades Básicas de Saúde e em projetos de pesquisas e extensão. Uma das tarefas da Agenda de Saúde e Agroecologia tem sido identificar e fortalecer as ações, incluindo a comunicação entre elas”, conta.
A superação da fome, a transição para agriculturas sustentáveis, a produção agroecológica dentro de territórios vulnerabilizados e em áreas urbanas são alguns temas centrais do trabalho, assim como o acompanhamento e incidência em políticas públicas.
Roda de conversa na Horta Margaridas, ocupação Aliança com Cristo
Foto Angélica Almeida
Naide Teodósio, Coordenadora de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, explica que no Aggeu Magalhães há diversas iniciativas relacionadas à saúde e agroecologia, principalmente pesquisas do Departamento de Saúde Coletiva. Entre as ações, estão projetos de combate à fome por meio de cozinhas solidárias, pesquisas com população das águas, pesquisas sobre o impacto da cultura da cana-de-açúcar, do uso de agrotóxicos e da energia eólica para a saúde de trabalhadoras/es e para o meio ambiente.
São iniciativas “da educação popular, da vigilância popular voltadas a pensar a determinação dos processos e como a comunidade pode se organizar e lutar contra o que causa o impacto na saúde”, afirmou Naide durante o Minuto SUS.
Visita Horta Popular Solidária - Centro Comunitário Vivendo e Aprendendo (Camaragibe)
Foto Marcela Cintra
O primeiro dia de trabalho entre as equipes foi dedicado ao compartilhamento das ações em curso. Além da Agenda de Saúde e Agroecologia (VPAAPS) e da Coordenação de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (CAAPS), foi possível conhecer projetos do grupo de pesquisa em Redes Integradas em Saúde: avaliação do acesso e gestão do trabalho e da educação (RIS-AcesSUS), do Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat) e do Laboratório Saberes e Práticas em Saúde (GPS).
Nos dias 6 e 7, foram visitadas as experiências da Cozinha Solidária Popular dos Milagres, da Horta Popular Solidária - Centro Comunitário Vivendo e Aprendendo, da cozinha e horta comunitárias de Caranguejo Tabaiares e da ocupação Aliança com Cristo/Horta Margaridas.
Visita à Cozinha Solidária Popular dos Milagres
Foto Marcela Cintra
Visita à iniciativa Caranguejo Tabaiares Resiste
As experiências com o protagonismo dos sujeitos do campo e da cidade contribuem para pensar a agroecologia enquanto um projeto de transformação social pautado equidade das relações sociais, para além da produção ecológica e sustentável.
“Há uma problematização indissociável sobre as formas de cultivo agroecológicas e sobre quem trabalha na terra, sobre qual condição de trabalho e como é o acesso à terra, que é um direito negado historicamente devido ao processo de divisão de terras que, no nosso país, foi estruturado pela violência”, afirma Lorena.
Visita Horta Popular Solidária - Centro Comunitário Vivendo e Aprendendo (Camaragibe)
Foto Marcela Cintra
O acesso ao alimento de qualidade, o direito à soberania e à segurança alimentar e nutricional, ao saneamento e à água, à vida livre de violências foram outras dimensões fortes presentes nas visitas. “Os processos produtivos dos alimentos estão intrinsecamente conectados a modos de vida, a práticas culturais, à própria existência no mundo de muitos grupos no campo, nas florestas, nas águas, e também nos ambientes urbanos. Essas práticas reforçam os vínculos sociais e sinalizam a construção de resistências diante das desigualdades e violações de direitos”, avalia Lorena.
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