23/08/2024
Alessandro Vieira/WMP Brasil
Foram iniciadas as liberações dos primeiros Wolbitos, como são chamados os mosquitos Aedes Aegypti com a bactéria Wolbachia, em cinco bairros de Joinville. As rotas foram previamente definidas e contemplarão, neste primeiro momento, 17 bairros, considerando critérios técnicos como número de focos e de casos confirmados. Serão cerca de 3,6 milhões de Wolbitos liberados semanalmente para proteger uma população de cerca de 360 mil habitantes.
A produção dos Wolbitos é realizada na biofábrica localizada no bairro Nova Brasília, em uma estrutura preparada para esse trabalho (Foto: WMP Brasil)
Cada veículo é carregado com a quantidade de tubos equivalente aos pontos de soltura. Dentro do carro, dois agentes de combate à endemias realizam o trabalho. Um aplicativo indica os pontos onde as solturas devem ser realizadas. Quando o carro passa pelo local e o tubo é aberto, são soltos entre 200 e 250 mosquitos. Imediatamente é indicado no aplicativo que aquele ponto foi contemplado. O veículo circula a uma velocidade de até 20 km por hora.
“Serão 20 semanas de liberação e 70 rotas em Joinville. A princípio, vamos liberar cerca de 3,6 milhões de mosquitos toda semana. É importante a população saber que os carros com a placa da Prefeitura estarão passando, com os nossos colaboradores soltando esses tubos. Isso vai durar, provavelmente, até janeiro de 2025”, explica o líder de relações Institucionais e Governamentais WMP Brasil, Diogo Chalegre. Ele informa que, a partir do primeiro mês de soltura, inicia-se a fase de monitoramento. “A Prefeitura de Joinville vai coletar os ovos no campo e esses ovos serão enviados para um laboratório onde é feita a identificação dos mosquitos e encaminhados para Belo Horizonte. Lá a gente faz teste diagnóstico para avaliar se a Wolbachia está ou não se estabelecendo no campo”, detalha.
O Método Wolbachia é mais uma estratégia no combate à doenças como dengue, zika e chikungunya. “Ele é um método complementar e de médio a longo prazo. Então a gente espera que de um a dois anos a gente consiga ver o impacto na transmissão dessas doenças”, afirma. Entre 50% e 60% dos insetos já têm a bactéria Wolbachia, que está presente na natureza. Como o Aedes Aegypti não tinha, os pesquisadores inseriram a Wolbachia dentro desse mosquito e perceberam que ela impede a replicação dos vírus, como por exemplo, o da dengue.
“A Wolbachia é totalmente natural, não tem nenhum perigo para a população. É segura e não tem nenhuma modificação genética. Então a população não precisa se preocupar, mas precisa continuar fazendo a sua parte. Tem que cuidar do quintal e manter as medidas de prevenção”, ressalta Chalegre.
A produção dos Wolbitos é realizada na biofábrica localizada no bairro Nova Brasília, em uma estrutura preparada para esse trabalho. Os ovos de Aedes aegypti vêm do Rio de Janeiro e são eclodidos em Joinville. Depois ocorre toda a preparação do mosquito até estarem prontos para a soltura. A implementação do Método Wolbachia em Joinville ocorre por meio de uma ação conjunta entre a Prefeitura de Joinville, Fiocruz, World Mosquito Program (WMP), Governo de Santa Catarina e Ministério da Saúde.
O Método Wolbachia
O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo. Não há qualquer modificação genética no Método Wolbachia do WMP, nem no mosquito nem na Wolbachia.
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